Uma taça de vinho por dia pode não trazer benefícios extras à saúde, e ainda pode aumentar o risco de câncer
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h47 - Atualizado em 01/10/2020, às 21h12
Muitos estudos já mostraram que pessoas que consomem pequenas quantidades de álcool todos os dias têm menos risco de doenças do coração quando comparadas às que não bebem nada. Mas, segundo uma revisão de 45 trabalhos sobre o tema, isso não acontece porque a bebida alcoólica tem algum efeito terapêutico.
Os pesquisadores da Universidade de Victoria, no Canadá, responsáveis pela análise, chegaram à conclusão que indivíduos que bebem uma taça de vinho todos os dias muitas vezes mantêm esse hábito conforme envelhecem porque são saudáveis. Mas não são mais saudáveis porque bebem.
Da mesma forma, muitos abstêmios mantêm a condição porque algum problema de saúde ou remédio impede que consumam álcool. O que é bem diferente de achar que não beber pode fazer mal. As conclusões foram descritas no Journal of Studies on Alcohol and Drugs.
Uma outra revisão publicada esta semana revela que uma única taça de vinho por dia é capaz de elevar o risco de uma mulher ter câncer de mama antes da menopausa em 5% e, depois da última menstruação, em 9%. O trabalho envolveu 119 estudos, com um total de 12 milhões de mulheres, e foi financiado pelo Fundo Mundial de Pesquisas sobre Câncer.
Entender os efeitos isolados do álcool sobre a saúde não é fácil, pois quem é moderado na bebida também costuma ser moderado em outros aspectos da vida que impactam no risco de doenças. De qualquer forma, essas duas grandes revisões mostram que é preciso ser um pouco cético ao ouvir que beber um pouco é melhor do que não beber nada.