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Seu pet tem medo de fogos? Confira dicas para diminuir o estresse

É possível que o pet tenha um ataque cardíaco, principalmente se for idoso ou propenso a cardiopatias - iStock
É possível que o pet tenha um ataque cardíaco, principalmente se for idoso ou propenso a cardiopatias - iStock

O costume de soltar fogos de artifício na virada do ano teve início há mais de dois mil anos, na China. Os chineses usavam o “fogo químico” na ponta de bambus para que o som espantasse os maus espíritos. Porém, de uns anos para cá, campanhas mundiais têm incentivado que sejam usados fogos silenciosos e que o espetáculo fique com as luzes, os brilhos e as cores. São vários os motivos para que essa mudança seja feita: o alto som causa estresse em pessoas que estão acamadas, naquelas com transtorno do espectro autista e também em animais de estimação, como cães e gatos, e até em pássaros que se assustam e se acidentam ao tentarem fugir.

Em 29 de julho de 2021, o então governador de São Paulo, João Doria, sancionou a Lei 17.389/2021, que proíbe queima, soltura, comercialização, armazenamento e transporte de fogos de artifício e de artefato pirotécnico de estampido no estado de São Paulo. E está em análise no Senado Federal, o projeto de lei (PL 5/2022) que prevê a proibição, em todo o território nacional, do uso e comercialização de fogos de artifício que produzem barulhos a partir da explosão de pólvora.

Sim, animais não sentem medo apenas de fogos, mas também de trovões e sirenes. Isso ocorre porque eles possuem uma audição muito mais potente que a dos humanos, e deixá-los totalmente expostos a esse barulho pode resultar em traumas irreparáveis. Agora, que estamos às vésperas do réveillon, se você tem gatos ou cães em casa que sofrem com esta situação, é desejável encontrar meios de diminuir o medo e o estresse que, em alguns casos, já levaram animais a óbito.

Fogos são imprevisíveis

Além de afetar a audição dos animais, como a ruptura da membrana timpânica, é possível ocorrer ataque cardíaco, principalmente entre aqueles de idade mais avançada, por serem mais propensos a cardiopatias, problemas hepáticos e insuficiência renal, e isso pode levá-los a óbito. Caso o pet tenha algum problema de saúde, como epilepsia, o barulho pode provocar convulsões, mesmo que ele esteja sob medicação adequada. Os estampidos servem como gatilho para tremedeira, automutilação e convulsões. Os cães têm o costume de procurar o tutor em busca de proteção, enquanto os gatos se escondem em um abrigo que consideram seguro.

O pior é que fogos de artifício chegam sem aviso prévio, gerando estresse e desconforto. Além disso, os animais interpretam a situação como uma ameaça real que provoca o desejo de fuga. Cães e gatos ficam acuados e, em algumas situações, podem se tornar agressivos. Uma presença calma e reconfortante pode fazer toda a diferença. Fique perto (sem superproteger) e certifique-se de que você está relaxado, uma vez que ficar estressado ou ansioso não vai ajudar o animal.

Um modo de evitar o medo é preparar o animal por meio de treinos nos quais ele será exposto aos sons de fogos de artifício gravados. Em geral, isso vai ajudá-lo a manter a calma. Isso porque fogos acionam a resposta de luta e fuga, mas os animais não conseguem escapar da ameaça, sendo assim, medo e ansiedade continuarão – pelo menos enquanto os fogos permanecerem. Outra opção é remover o pet antes que a queima de fogos comece. Se você tem amigos ou familiares que moram em áreas mais calmas, onde a queima de fogos não ocorre, deixe-o lá. Hotéis especializados em animais de estimação também podem ser uma solução.

Distração e florais

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Brincar com o pet até ele ficar cansado é um modo de mantê-lo distraído   -  iStock

Se o cão ou gato sentir que os fogos de artifício são uma ameaça à segurança e não existe uma rota de fuga, ele naturalmente se sentirá vulnerável. Uma forma de manter o animal distraído é usar brinquedos que podem ser recheados com petiscos e alimentos úmidos, distraindo a atenção. Quanto antes esses recursos forem inseridos na rotina, melhores serão os resultados.

Em pet shops também é possível encontrar diversas opções de produtos, como florais homeopáticos, calmantes naturais e feromônios sintetizados que promovem o bem-estar e induzem o animal a relacionar o ambiente a uma área de proteção e conforto. O ideal é buscar orientação do médico veterinário, que conhece o perfil e saúde do pet, para indicar as melhores alternativas e doses adequadas. E não fazer uso de dicas e medicamentos sugeridos por conhecidos ou achados na internet.

Especialistas em comportamento animal podem auxiliar os tutores utilizando técnicas de dessensibilização. O trabalho consiste em recriar os estímulos que deflagram o comportamento medroso, porém com baixa intensidade, evitando o aparecimento de estresse e medo. Gradativamente o estímulo é aumentado, buscando a não resposta do animal. No entanto, essa técnica exige alguns meses de trabalho conjunto entre o profissional e o tutor.

Se você já sabe que irá ocorrer barulho por conta de alguma celebração, como a queima de fogos do réveillon, então tire algumas horas para gastar a energia do pet. Faça um longo e gostoso passeio ou brinque bastante, desta maneira ele estará menos atento aos barulhos por conta do cansaço. Aproveite para oferecer uma refeição mais caprichada à noite, como um incentivo ao sono.

Abaixo, especialistas dão mais dicas de como lidar melhor com a situação:

  • Arrume um cantinho para aqueles que preferem se esconder e ficarem quietinhos num local;
  • Coloque bolas de algodão nas orelhas do pet: basta enrolar um chumaço de algodão e colocar nas orelhas. O item deve ficar firme para não cair no momento de agitação, porém é preciso tomar cuidado na introdução para não machucar;
  • Consulte um veterinário se já sabe que o medo do animal é muito grande;
  • Deixe as janelas e portas fechadas;
  • Evite a automedicação, sem orientação do veterinário, pois isso coloca em risco a saúde dos animais;
  • Evite ao máximo deixar o animal sozinho na virada do ano;
  • Evite posições curvadas, isso também é visto pelo pet como um sinal de insegurança;
  • Fique perto do animal na hora da virada, caso ele permita;
  • Gatos, nessas situações, costumam sumir da vista dos tutores. Se a casa ou o apartamento forem seguros, com redes nas janelas e portões fechados, deixe o bichano e evite ficar chamando para não o estressar mais;
  • Lembre-se de mostrar ao pet que você está no controle da situação e assegurar que estão protegidos;
  • Ligue o som com música alta para abafar os estrondos externos na hora da virada;
  • Mantenha a calma;
  • Não pegue o animal no colo, mesmo que ele dê sinais de que quer. Isso é entendido por ele como um gesto de insegurança, e o nervosismo dele vai continuar ou até piorar;
  • Nunca deixe o cachorro ou gato amarrado;
  • Prepare o pet para lidar com os altos sons;
  • Sempre deixe o pet com coleira, placa de identificação e microchip;
  • Tenha sempre o contato de uma clínica veterinária por perto, por precaução.

Se você gosta e respeita os animais e está pensando em comprar fogos que têm som, pense em trocar o valor que usaria por uma doação a uma ONG que resgata, cuida e doa cães e gatos.

Fontes:
Cleber Santos, especialista em comportamento animal
Karina Mussolino, veterinária e gerente de clínicas da Petz
Leandro Romano, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Anhanguera
Rafael Winsneski, adestrador da Meu Cão Companheiro

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Cármen Guaresemin

Cármen Guaresemin

Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão.  @Carmen_Gua