A vida a dois não tem sido fácil desde que a pandemia começou. Casais que já estavam por um fio viram a situação degringolar de vez, e até parcerias mais
Jairo Bouer Publicado em 17/11/2020, às 19h14 - Atualizado às 19h41
A vida a dois não tem sido fácil desde que a pandemia começou. Casais que já estavam por um fio viram a situação degringolar de vez, e até parcerias mais sólidas foram ameaçadas com o confinamento. O problema é que, assim como diversos relacionamentos, outras estruturas também sucumbiram à crise gerada pela Covid-19.
Tenho recebido relatos de gente que estava para sair de casa, mas teve que adiar os planos por causa da quarentena, e agora está sem grana para alugar um espaço. Também há as queixas de quem já não aguentava mais a solidão, e continua impedido de conhecer novos “prospects” porque a vida – principalmente a noturna – ainda não voltou ao normal.
Qual a saída para a carência que muitos dizem ter aumentado nos últimos meses? Ir para a cama com o ex. Aquela pessoa que não tem mais nada a ver com você, mas que, afinal de contas, já sabe o que mais te agrada na hora “H”. Aquela criatura com quem você já compartilhou todos os germes possíveis e, até por causa dessa maldita intimidade, ainda não teve acesso a novos micro-organismos, assim como você.
O sexo pós-separação é um lugar tão comum, que, vira e mexe, vira tema de piada, filme ou seriado. Mas a verdade é que nem todo mundo se sente bem depois de transar com o ex. Para quem ainda está envolvido, esses reencontros só servem para adiar aquela virada de página que todo rompimento demanda, ainda mais quando a outra parte já terminou o livro faz tempo.
Um estudo recente publicado no periódico Evolutionary Psychology dá uma ideia do que leva as pessoas a cair em tentação. No primeiro experimento, com 212 universitários, a maioria heterossexuais, os pesquisadores ouviram as sensações descritas por homens e mulheres depois do sexo pós-separação. No segundo, com 98 participantes de perfil semelhante ao anterior, a equipe se concentrou nas motivações para o comportamento.
Os entrevistados citaram nada menos que 292 diferentes razões para transar com o ex. Claro que muitas delas eram parecidas, e foi possível resumir tudo em 52 respostas. A mais repetida foi: “sexo é divertido”. A segunda? “Sinto falta de sexo”. A vontade de voltar com o parceiro aparece em terceiro lugar no ranking. É há justificativas bem menos nobres na lista, como “desespero”, “embriaguez”, “estresse”, “é fácil”, “não tem risco de infecção sexualmente transmissível” e até “não tenho a menor ideia por quê”.
Após uma análise mais aprofundada, as motivações foram agrupadas em três guarda-chuvas:
As respostas masculinas penderam mais para o hedonismo, enquanto as mulheres deram justificativas mais emocionais para o comportamento. Para os pesquisadores, os caminhos da evolução humana podem explicar essa tendência de deixar uma porta aberta para o caso de não aparecer outra oportunidade de espalhar seus genes, ou de ter a segurança que uma vida a dois proporciona.
De acordo com o estudo, quem vai para a cama com o ex só para satisfazer uma necessidade sexual tende a se sentir melhor, e, talvez por isso, as mulheres são as que mais dizem se arrepender desses reencontros. Claro que os papéis também podem se inverter. Por isso, se você está passando por uma situação desse tipo, é legal refletir um pouco. Se for “só sexo” para os dois, muito bem. Já se ainda existe amor ou apego, talvez seja melhor se proteger da tentação.
Já para você que queria ter pelo menos um “ex” para chamar de seu neste momento, nada de pânico. Se você é capaz de sobreviver sozinho a uma pandemia, você é capaz de enfrentar qualquer coisa.
(Texto extraído da Coluna do Jairo Bouer no UOL VivaBem)
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