Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h31 - Atualizado às 23h56
Garotos que fazem sexo com outros homens têm maior risco de ser infectados pelo HIV, mas apenas um em cada cinco já fez o teste para detectar o vírus, proporção muito menor do que a encontrada entre os não adolescentes. O estudo foi feito nos Estados Unidos, mas as conclusões podem muito bem ser aplicadas ao Brasil, onde o cenário é parecido.
O trabalho, da Universidade Northwestern em parceria com o Centro para Inovação em Pesquisas de Saúde Pública, envolveu uma amostra nacional de 302 garotos gays e bissexuais com idades entre 14 e 18 anos que participaram de um programa de prevenção do HIV baseado em mensagens de texto.
Os pesquisadores descobriram que apenas 20% dos jovens já tinham sido testados para o vírus da Aids. Para se ter uma ideia de como esse índice é baixo, um estudo recente feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças mostrou que 75% dos gays e bissexuais de 18 a 19 anos já fizeram o exame alguma vez na vida.
As maiores barreiras para os adolescentes, segundo a pesquisa, são a dificuldade em saber onde obter um teste de HIV e a preocupação em ser reconhecido em um centro de atendimento. Também existe, nessa faixa etária, uma certa ideia de invencibilidade, ou seja, de que isso não vai acontecer com eles.
O HIV continua a crescer entre jovens gays e bissexuais, tanto nos EUA quanto no Brasil, por isso é preciso mudar esse cenário. Uma das sugestões dos pesquisadores é implementar a testagem nas escolas, algo que, embora gere alguma polêmica, ajudaria a diminuir o estigma em torno do exame entre os adolescentes. Os resultados foram publicados no Journal of Adolescent Health.
Vale lembrar que o tratamento precoce contra o HIV não só beneficia o próprio paciente, como também evita a transmissão da doença.