Atleta de bodyboard saiu do Brasil em 2017 por conta do "extremismo conservador"; atualmente ela vive em Portugal
Redação Publicado em 30/07/2021, às 12h17
Isabela Sousa, natural do Ceará, é tetracampeã mundial de bodyboard, mas fora das águas a atleta também faz história. Vivendo em Portugal, já faz quase um mês que ela assumiu sua homossexualidade e se tornou um símbolo da luta contra a homofobia no esporte.
No Instagram, a atleta havia escrito:
“Embora tenha sempre reservado esse espaço do Instagram para minha vida profissional… esse momento é especial: sim, eu gosto de meninas”. Isabela ainda aproveitou para conscientizar: “O preconceito vem sempre acompanhado de uma falta de conhecimento sobre o assunto. E a homofobia machuca, agride e mata”.
Agora, em entrevista exclusiva ao Portugal Giro, ela falou sobre o que mudou em sua vida após revelar sua sexualidade. Para começar, ela diz que saiu do Brasil em 2017, por conta do "extremismo conservador".
“Sentia uma aura estranha e as pessoas não estavam se respeitando. Atmosfera esquisita, sabe? E culminou na eleição deste governo. Meus amigos foram agredidos em Fortaleza. As pessoas preconceituosas ganharam voz com este governo”, relembra.
Confira:
Contudo, ela deixa claro que em Portugal também tem que lidar com preconceitos.
“Eu acho que aqui em Portugal as pessoas são muito conservadoras no cotidiano. E os atletas têm uma postura mais fechada. Ainda que no Brasil o esporte seja um espaço muito machista e, consequentemente, homofóbico, eu sinto o clima mais tenso por aqui”, comenta.
Ser mulher e fazer parte da comunidade LGBTQIA+ não é fácil:
“Vemos um movimento de luta pela igualdade para as mulheres. E a tentativa de quebra da homofobia, com atletas se manifestando, embora ainda seja um tabu muito grande. Ainda resta um caminho longo, porque o esporte é um espaço com machismo enraizado, do homem melhor e mais forte, do espírito de briga. É rígido”.
Assim como Isabela, uma série de atletas tem falado abertamente sobre sua sexualidade e, para quem não entende muito sobre o assunto, pode pensar que muitos fazem isso apenas por "estar na moda".
Contudo, de acordo com Jairo Bouer, é pouco provável que alguém “vire alguma” por modismo. A orientação sexual, ou seja, o desejo que a pessoa sente, não pode ser controlada. “Na verdade, a gente que é normalmente movido pela orientação sexual. Não é uma escolha ou opção. As pessoas são o que são”, comenta o médico.
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