Redação Publicado em 30/11/2024, às 10h00
"Throning" (colocar alguém no trono) é uma nova tendência de namoro que a geração Z estabeleceu recentemente e está atraindo atenção. Após o pico de expressões como "ghosting", "love bomb" e "situationships", o throning chegou e está varrendo as mídias sociais e a cultura de namoro. No entanto, o que isso realmente significa e por que se tornou tão popular de repente?
Para elevar seu status social, a geração Z criou este novo termo para namoro: "throning". Esta expressão descreve a busca por um parceiro que melhore sua reputação social, colocando-o em um pedestal por seu poder e influência.
"Throning é namorar alguém que, por meio de associação, aumenta sua reputação e ego", afirmou o especialista em relacionamento Siddharrth S. Kumaar, ao site Hindustan Times. O status social de um parceiro é priorizado sobre suas qualidades pessoais nessa dinâmica. Trata-se de colocar o status social de um parceiro à frente de seu valor inerente.
Embora a ideia não seja nova, aplicativos de namoro geralmente mostram pessoas procurando por um relacionamento "superior" a elas; "throning" é uma abordagem moderna ou uma palavra sofisticada para a tradicional e manjada estratégia que os americanos chamam de gold-digger e que no Brasil conhecemos como pessoas interesseiras e oportunistas. Hoje em dia, a moeda social é tão importante quanto a riqueza financeira. Aumentar o círculo social de alguém nem sempre é uma coisa ruim, mas fingir que é romance pode ser enganoso.
Para o especialista em relacionamentos Kalpana Singh, a motivação por trás do throning geralmente decorre de um desejo de validação social, acesso a círculos sociais exclusivos, um aumento na autoestima e maior influência nas mídias sociais. Embora possa haver benefícios de curto prazo para a sociedade no throning, os relacionamentos podem sofrer como resultado. Singh acrescentou: "Relacionamentos baseados apenas na ascensão social não têm a base de interesses compartilhados, afeição e intimidade. Throning prioriza a influência sobre a conexão genuína."
De acordo com um estudo publicado na Science Advances, uma parcela significativa de usuários de aplicativos de namoro procura parceiros que sejam 25% mais atraentes do que eles, o que implica indiretamente o desejo de se associar a alguém que é visto como tendo maior status. Essa ideia é elevada a um novo nível pelo throning.
Dados divulgados pelo Plenty of Fish, aplicativo de encontro, apontam que 27% dos jovens da geração Z já se sentiram usados por causa dessa “entronização” e perceberam que parceiros os viam como uma espécie de trampolim social, ou seja, eram alpinistas sociais. Alguns os veem como “caçadores de likes”, uma mudança em relação ao passado, quando eram “caçadores de fortunas”.
Kumaar conta que viu muitos encontros baseados em status, nos quais os indivíduos procuram parceiros que sejam "mais desejáveis do que eles". Ele alerta que o throning frequentemente carece da profundidade e do respeito mútuos necessários para relacionamentos de longo prazo, mesmo que possa oferecer validação momentânea. Ao que parece, a geração Z está transferindo a vida virtual para a real, o que não deixa de ser algo perigoso.
Fonte: Hindustan Times