TPM e pílula anticoncepcional podem causar mau hálito?

Dentista explica o porquê isso ocorre e como lidar com a situação

Cármen Guaresemin Publicado em 24/03/2022, às 10h00

Durante a TPM ocorrem muitas alterações hormonais e um desequilíbrio hídrico no corpo - iStock

O mau hálito pode ser causado por uma série de fatores. Alimentação, doenças, medicamentos e falta de higiene bucal são os principais. Porém, alguns podem surpreender, como a tensão pré-menstrual, a famosa TPM. Sim, como se não bastassem todos os sintomas desagradáveis desse período, as mulheres também podem desenvolver o problema. Outro vilão improvável, apesar de ser um medicamento, é a pílula anticoncepcional.

A dentista Patrícia Almeida, especialista em reabilitação oral e estética, explica que durante a TPM ocorrem muitas alterações hormonais que causam um desequilíbrio hídrico no corpo – a quantidade de água que tem em cada célula.

“Essa quantidade de água começa a diminuir, inclusive na saliva, e ocorre a diminuição na produção da saliva, que é a responsável por fazer uma pré-limpeza na boca. Como não há equilíbrio, um acúmulo de bactérias na boca faz surgir uma camada esbranquiçada na língua, aquela parte chamada saburra lingual”, afirma a especialista.

Ela comenta que várias doenças levam a essa baixa de produção de saliva, que acaba gerando a halitose: “Porém, durante a TPM é basicamente por conta do desequilíbrio hídrico, por isso a mulher fica inchada e com o abdômen mais distendido, pois a água sai de onde precisa e vai para lugares que não precisa. E isso dura até a menstruação”.

Como lidar com o problema?

Segundo Patrícia, é preciso aumentar o consumo de água nesse período de tensão pré-menstrual e também durante a menstruação. Comer alimentos mais fibrosos ajuda a diminuir essa produção da placa bacteriana, devido ao acúmulo de alimento que fica na boca.

“Quando você come alimentos que são mais grudentos e pegajosos, eles aderem ao dente, aumentando a placa bacteriana. E, como a saliva não está ali para remover esse material, ele vai acumulando em placa sobre placa. Comer com mais frequência é outro problema, pois nesse período a mulher quer doce, muito doce, e aí é necessário escovar os dentes com mais frequência, caprichando na escovação e sem esquecer de usar o fio dental”, ensina a dentista.

Anticoncepcional também altera o hálito

Patrícia explica que nossa gengiva tem receptores que recebem hormônios e o anticoncepcional aumenta o nível de dois deles, progesterona e estrógeno, fazendo com que a gengiva fique muito mais alerta e sensível. Então, quando a mulher está tomando contraceptivo, a gengiva “sente” uma placa bacteriana que, normalmente, não sangraria e que demoraria para começar a inflamar.

“Acontece que ela [gengiva] fica muito mais ligada e alerta, inflamando com mais facilidade. E essa inflamação causa uma gengivite, que, por sua vez, gera a halitose; nesse caso, por conta do anticoncepcional”, afirma Patrícia.

E como solucionar ou diminuir os efeitos desse problema, já que não se pode interromper o uso do contraceptivo? “Nesse caso, que temos a elevação dos hormônios e o aumento da inflamação da gengiva, só melhorando a higiene bucal (escovação/fio dental) e redobrando os cuidados, com visitas periódicas ao dentista”, afirma Patrícia.

Problemas masculinos

Os homens teriam alguma situação específica deles – como ocorre com as mulheres – que poderia causar halitose? A dentista explica que não, eles não têm essa alta e baixa hormonal que as mulheres têm todo o mês. Porém, eles têm a andropausa.

“Eles entram na andropausa por volta dos 45, 50 anos. Quando isso acontece, há uma baixa de testosterona e uma predisposição a engordar. Quando falo em ganhar peso, na verdade, o que ocorre é o organismo inflamar. E essa inflamação constante leva a uma doença periodontal e a uma perda óssea. Nesse caso, sim, surge um problema com o hálito”.

Para terminar, a dentista lembra que, quando a saúde bucal está em dia, não haverá problema. “Por isso, é importante escovar os dentes corretamente em casa e usar o fio dental. Além de visitar o dentista a cada três meses para ter uma avaliação e fazer uma limpeza, por exemplo”.

Fonte: Patrícia Almeida é dentista, especialista em reabilitação oral e estética, idealizadora da Odontologia Almeida e integrante da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD). 

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