Transtorno alimentar tem surgido mais cedo; de quem é a culpa?

Um estudo australiano sugere que as redes sociais têm feito adolescentes terem transtornos alimentares em idade cada vez mais precoce. O trabalho foi

Jairo Bouer Publicado em 09/12/2019, às 18h55

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Um estudo australiano sugere que as redes sociais têm feito adolescentes terem transtornos alimentares em idade cada vez mais precoce. O trabalho foi feito por pesquisadores da Universidade Flinders, que entrevistaram cerca de 1.000 adolescentes de 12 a 14 anos de escolas particulares para chegar à conclusão.

Os resultados mostraram que 51,7% das garotas e 45% dos garotos apresentam comportamentos pouco saudáveis, como fazer jejum e abusar dos exercícios para ganhar músculos. E muitos deles tinham apenas 12 anos!

Do total de entrevistados, três 75,4% das garotas e 69,9% dos garotos tinham conta em pelo menos uma rede social, sendo o Instagram a mais utilizada. Metade da amostra tinha menos de 13 anos de idade, a idade mínima recomendada para o uso da plataforma. Muitos participantes também utilizavam o Snapchat.

Os pesquisadores dizem que quanto mais tempo os entrevistados passam nas mídias sociais, maior a frequência de comportamentos e pensamentos consistentes com transtornos como anorexia, bulimia ou vigorexia (obsessão em ganhar músculos). Os dados foram publicados no periódico International Journal of Eating Disorders.

A equipe acredita que é preciso aumentar a resiliência dos jovens para os impactos provocados pelas mídias sociais, por isso está lançando, na Austrália, um programa com o objetivo de conscientizar adolescentes e adultos jovens, chamado “Media Smart Online”.

Vale mencionar que, em outubro, um grande estudo conduzido no Reino Unido e na Irlanda revelou que as taxas de anorexia em crianças de 8 a 12 anos de idade saltou de 2,1 em 100 mil casos, em 2006, para 3,2 por 100 mil, em 2015.

Os números foram obtidos a partir da análise de registros mensais de novos casos enviados por psiquiatras ao Sistema de Vigilância em Psiquiatria da Criança e do Adolescente ao longo de oito meses. A maioria dos pacientes são mulheres jovens e de etnia branca. Apesar de as taxas entre os mais jovens chamarem atenção, o pico dos registros é de garotas em torno dos 15 anos de idade. Para os garotos, o pico é aos 16.

Em artigo publicado no BMJ Open, os pesquisadores alertam que é preciso entender melhor as causas desse crescimento de casos em idade precoce. Pode ser apenas uma consequência de pais mais informados e melhora no diagnóstico. Mas também pode ser um efeito da tecnologia. Vamos esperar que novos estudos sejam feitos. Enquanto isso, vale a pena ensinar crianças e adolescentes a serem mais críticos em relação ao conteúdo que acessam na internet.

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