Redação Publicado em 21/02/2022, às 15h30
Um estudo feito na Universidade de Auckland (Nova Zelândia) e publicado no JAMA-Psychiatry descobriu que sofrer com problemas de saúde mental pode aumentar em três vezes e meia o risco de desenvolver demência.
A pesquisa analisou mais de um milhão e meio de neozelandeses nascidos entre 1928 e 1967 com idades de 21 a 60 anos no início do projeto. Todos foram acompanhados ao longo de 30 anos (de 1988 a 2018).
Os resultados foram mantidos tanto para homens como mulheres, para demência precoce e tardia, provocada pela doença de Alzheimer ou não. Além disso, a descoberta foi relacionada a todos os tipos de transtornos de saúde mental, mesmo após a contabilização de doenças físicas pré-existentes e privação socioeconômica.
As condições de saúde mental abordadas, que afetaram 4% dos participantes, incluíram automutilação, transtornos de uso de substâncias, transtornos psicóticos, humor e distúrbios neuróticos.
Para os pesquisadores, a saúde mental prevê a demência mais fortemente do que a saúde física, sendo verdade para todos os tipos de demência. Assim, é importante concentrar esforços em transtornos mentais quando eles atingem o pico na adolescência e na idade adulta jovem, como forma de prevenir ou retardar a demência posterior.
Existem múltiplas doenças que causam o quadro de demência, caracterizada pela perda da capacidade de lembrar, pensar ou tomar decisões que interferem na realização de atividades cotidianas, sendo o Alzheimer uma das mais conhecidas.
A previsão de um estudo da Universidade de Washington (Estados Unidos) é que os casos globais de demência quase triplicarão e podem atingir mais de 152 milhões de pessoas até 2050, impulsionados pelo envelhecimento populacional.
Confira:
Para chegar à estimativa, a equipe baseou-se em tendências de fatores de risco da demência, como o tabagismo e o alto índice de massa corporal (IMC). Assim, é pressuposto que os casos aumentem de 57,4 milhões no mundo inteiro em 2019 para cerca de 152,8 milhões em 2050.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o planeta, há cerca de 50 milhões de pessoas com demência e quase 10 milhões de novos casos a cada ano.
Embora a razão para a conexão entre problemas de saúde mental precoce e demência posterior não tenha sido definitivamente estabelecida, pode ser que o uso de álcool, muitas vezes associado a transtornos de saúde mental, também possa levar à demência, bem como medicações para transtornos mentais, como os antipsicóticos.
Apesar dos achados, os pesquisadores alertam que problemas de saúde mental não são “sentenças de prisão perpétua'' e que sempre resultarão em demência. Mesmo que exista um risco significativamente maior para aqueles que sofrem com algum tipo de transtorno, a maioria dessas pessoas não desenvolverá um quadro de demência.
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