Cada vez mais a dermatologia e outras áreas da medicina tem se preocupado em tratar grupos étnicos de forma única, respeitando suas características raciais, gênero e aspectos particulares de cada indivíduo.
Assim, o tema da coluna de hoje é o tratamento da pele asiática.
Anatomicamente, os asiáticos têm características peculiares que determinam sua fisionomia facial e de seu corpo.
Dessa forma, encontramos em grande parte das pessoas deste grupo: rosto comumente arredondado e região malar mais alargada, nariz um pouco plano, sobrancelhas retificadas, menor densidade de cílios palpebrais, lábios e queixos pequenos.
Na região do tronco predomina o colo um pouco mais retificado quando comparado às mulheres ocidentais, seios pequenos, glúteos menores com pernas bonitas e bem torneadas.
Em geral, independentemente do grupo racial, no mundo inteiro o padrão de beleza envolve rostos mais finos, sobrancelhas bem definidas, lábios bem desenhados, queixos bem delimitados e olhos grandes.
E o mesmo acontece com as pacientes de origem asiática que desejam suavizar suas feições, pois muitas consideram seus rostos um pouco “pesados” e muito redondos.
Assim, se analisarmos os desejos desse grupo como um todo, vemos que as principais solicitações são: o afinamento da face, elevar o nariz e deixar o olhar mais aberto.
Nesse momento, cabe a nós, dermatologistas, um princípio básico, talvez o mais importante, porém não muito presente atualmente tanto para muitos médicos, como para certos pacientes, que é: bom senso!
Considere sempre que a conduta nunca deve transformar a paciente em outra pessoa ou fazer dela uma caricatura grotesca e, sim, deixá-la melhor e mais bonita, preservando sua identidade.
A isso damos o nome de beautification (embelezamento, em inglês): tornar a paciente mais bela e não um clone estereotipado. Ainda mais quando se trata de uma face asiática cujas características pessoais são únicas e sempre mais reservadas.
Dessa forma, o tratamento deve sempre estar norteado por um resultado que mantenha uma discrição elegante e sem exageros.
O primeiro passo para um resultado ótimo é que o médico examine todas as suas características, para ter um diagnóstico completo e realizar seu esquema de tratamento.
Esse é o grande ponto que diferencia um tratamento realizado por um médico, pois, a partir de sua análise de expertise, ele tem um plano baseado em conhecimentos médicos, garantindo, assim, maior segurança na realização de qualquer procedimento.
Neste diagnóstico, devemos verificar as condições da pele da paciente, pois peles mais maduras, por exemplo, requerem tratamento da flacidez antes de alguns outros procedimentos.
Para esses casos, o estímulo de colágeno deverá ser realizado através de substâncias injetáveis que estimularão as células desta paciente a fabricar colágeno e tornar sua pele mais firme.
A seguir, descrevo o que pode ser realizado nos consultórios dermatológicos sem a necessidade de cirurgia:
Ambos devem ser discretos, respeitando o tamanho facial de cada paciente, e podem ser realizados através de injeções em pontos específicos ao redor dos olhos e sobrancelhas, com toxina botulínica, ultrassom micro e macro focado e/ou fios de sustentação de PDO (polidioxanona).
Analisar, antes, a necessidade de estímulo de colágeno na presença de flacidez cutânea. A maior definição dos traços faciais com afinamento do rosto pode ser obtida através de aplicações com ácido hialurônico em pontos específicos, por exemplo nas regiões malares e na laterais, resultando em lifting com afinamento da face.
Além disso, pode-se realizar o ultrassom micro e macrofocado, que também tem a capacidade de diminuir o excesso de depósito gorduroso na face e papada, além de promover levantamento (lifting), melhora da flacidez e da textura da pele e melhor definição do contorno facial.
Outra opção são os fios de PDO, neste caso os fios de tração que, como o nome diz, promove o tracionamento do tecido dérmico, conferindo jovialidade e afinamento da face. Além disso, os fios de PDO atuam na produção de colágeno dérmico, melhorando a flacidez e conferindo maior sustentação da face.
Através da injeção de ácido hialurônio é possível realizar a mudança nasal sem a necessidade de rinoplastia cirúrgica. Entretanto, este é um procedimento que apresenta riscos e deve ser realizado SOMENTE por médicos altamente capacitados.
Pacientes com queixos muitos pequenos apresentam uma deficiência no terço inferior da face que poderá comprometer outras áreas, levando, por exemplo, a um maior grau de flacidez e papada no pescoço. Por isso, não somente aos asiáticos, mas a todas pessoas portadoras de queixos pequenos, é recomendável seu tratamento, que pode ser realizado através de injeções de ácido hialurônico de alta densidade.
Vale lembrar que todos os tratamentos citados acima podem ser realizados em consultórios médicos, sem a necessidade de internação e utilização de anestesia geral. Isso é muito mais cômodo e seguro ao paciente, pois a pessoa não precisará se afastar de suas atividades diárias ao realizar quaisquer desses tratamentos.
E, por fim, outra questão muito importante: pondere bem e escolha um médico de confiança. Pergunte sobre os tratamentos, colha informações sobre os produtos e equipamentos utilizados, pesquise antes e não se deixe levar pelas páginas das mídias sociais, pois, na maioria das vezes, elas são totalmente enganosas.
Lembre-se que escolher um mal profissional pode arriscar sua saúde para sempre.
Dra. Lilian Akemi Ota
Médica dermatologista de São Paulo, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da American Academy of Dermatology. @lilian_ota