Anderson José Publicado em 11/06/2021, às 10h12
A tuberculose (TB) é uma doença contagiosa e transmissível causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de bacilo de Koch. A TB é crônica e a forma mais comum é a pulmonar; no entanto, há outras, chamadas extrapulmonares, que tambem recebem atenção da saúde pública. São as formas pleural, ganglionar, miliar, entre outras.
A bactéria M. tuberculosis é transmitida por via aérea de uma pessoa com TB pulmonar – e até laríngea – que elimina bacilos no ambiente por meio de gotículas, que ficam suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos.
Uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea, e com exame de escarro positivo para a presença do agente causador da doença é denominada bacilífera. A transmissão da infecção para outra pessoa ocorre por via respiratória, através da inalação de aerossóis (partículas suspensas no ar) produzidas pela tosse, fala ou espirro. Entre 2 e 13 semanas após a primeira infecção, a grande maioria dos indivíduos imunocompetentes (com sistema imunológico funcionando adequadamente) consegue controlar a replicação (duplicação) bacteriana. Porém, em momentos de imunossupressão (sem defesa imunológica), há a reativação da tuberculose e a pessoa infectada desenvolve os sintomas típicos da doença, além de poder infectar outras pessoas.
Os sintomas clínicos abaixo podem ocorrer em qualquer uma das formas de tuberculose:
No entanto, a depender do tipo da tuberculose, os sintomas variam e se apresentam de forma distinta, quando acomete pleura, gânglios, pericárdio, intestinos, etc.
O tipo mais comum de TB é a clássica pulmonar, no entanto, formas extrapulmonares (que se manifestam em outras partes do corpo que não o pulmão) também são frequentes, principalmente em pacientes com alguma disfunção imunológica, com um quadro clínico mais preocupante.
Em relação às formas de tuberculose extrapulmonar, elas ocorrem em áreas endêmicas e é mais comum estarem em associação com a forma pulmonar, atingindo sobretudo crianças e jovens adultos, em que constituem uma infecção primária progressiva. Em áreas não endêmicas, se manifestam em geral de forma isolada, afetando mais idosos e representando reativação da doença. Os sinais e sintomas de TB extrapulmonar variam de acordo com o órgão ou sistema atingido, sendo as principais:
Confira:
• O que é preciso saber sobre tuberculose
O diagnóstico da tuberculose é realizado pelo médico através da avaliação clínica do paciente, bem como pelo uso de exames complementares (radiografia, bacteriológico, histopatológico, entre outros).
Quando um indivíduo saudável é exposto à M. tuberculosis ele não necessariamente irá se infectar, pois pessoas saudáveis, em geral, permanecem sem desenvolver a doença por muitos anos, com imunidade ao bacilo. Isso se chama Infecção Latente pelo M. Tuberculosis (ILTB). Nessa condição, os indivíduos não têm sintomas e nem transmitem a doença, porém, alguns testes específicos diagnosticam a infecção pelo bacilo de Koch.
Os antibióticos utilizados no tratamento da tuberculose atuam onde a infecção está ativa e interferem em algum mecanismo de sobrevivência do bacilo. Por se tratar de um bacilo aeróbio, a bactéria M. tuberculosis precisa de oxigênio para sua sobrevivência no organismo do hospedeiro.
No esquema básico do tratamento são quatro fármacos principais - RIPE/RHPE: rifampicina (R), isoniazida (I/H), pirazinamida (P) e estreptomicina (P). Nesse esquema, são feitos dois meses de uso de RIPE/RHPE e quatro meses de RI/RH.
Existem duas fases no tratamento da tuberculose: fase intensiva e a fase de manutenção.
O tratamento está disponível no SUS e é muito importante que seja seguido corretamente, para evitar casos de resistência bacteriana.
As medidas de prevenção contra a tuberculose são amplas e de extrema importância, envolvendo desde o ambiente até a imunização. A vacina BCG, por exemplo, é administrada em recém-nascidos e, entre outras infecções, protege as crianças contra as formas graves de tuberculose. Além disso, o diagnóstico e tratamento precoce de pessoas com ILTB é uma importante medida de prevenção, pois impede a manifestação ativa da doença, evitando assim a transmissão para os contatos daqueles com que convivem.
Por fim, as moradias, sobretudo de famílias numerosas, deveriam ser mais bem ventiladas, garantindo uma boa circulação de ar, a fim de evitar o compartilhamento de gotículas contendo o bacilo. No entanto, a realidade de muitas moradias brasileiras é diferente, dada a quantidade de pessoas que, muitas vezes, residem em domicílios precários e até insalubres.
De acordo com o Boletim Epidemiológico de Tuberculose de 2020, em 2019, o Brasil registrou 73.864 casos novos de TB (incidência de 35 casos para 100 mil habitantes). Há uma tendência de queda no país, bem como queda na incidência entre os maiores de 65 anos, porém, no período analisado, há aumento na taxa de incidência de TB entre os menores de 10 anos e entre aqueles entre 10 e 64 anos de idade. Em relação aos óbitos por TB, desde 2010 os casos variam entre 4,400 e 4.600 tendo, o ano de 2018, registrado 4490.
A TB atinge de forma mais endêmica a população carcerária, dada as condições ambientais dos presídios. Estima-se que de cada 100 mil presos, 900 tem a doença. Já tratamos sobre saúde no sistema prisional aqui no site.
Uma pessoa imunocompetente pode ter a Mycobaterium tuberculosis no organismo e não desenvolver a forma ativa da TB, ou seja, permanece na fase da ILTB. No entanto, indivíduos com imunossupressão e qualquer condição que impeça o organismo de desenvolver uma resposta imunológica efetiva pode ativar a TB, deixando de ser infecção latente, portanto.
O HIV aumenta o tempo de sobrevida da M. tuberculosis e esta, por sua vez, ativa os linfócitos T CD4+ e T CD8+, aumentando também a replicação do vírus HIV. Com a resposta imune celular, são formados granulomas frouxos (malformados), permitindo que o bacilo se dissemine pelo organismo, reforçando a forma extrapulmonar da TB em pessoas vivendo com HIV (PVHIV).
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