Doutor Jairo
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Tudo bem não ser a fim de sexo?

Será que ele tem que estar presente, o tempo todo, na vida de todos nós? - iStock
Será que ele tem que estar presente, o tempo todo, na vida de todos nós? - iStock

Sexo é uma experiência central na vida de muita gente. É parte importante da nossa existência e dos nossos relacionamentos. Em algumas fases da vida, as pessoas acordam pensando em sexo e vão dormir pensando e, muitas vezes, fazendo sexo. Sexo, de uma maneira geral, é uma vivência extremamente prazerosa.

Uma vida sexual de qualidade pode ter impactos positivos em nossa saúde, emoções, humor, e em nossas relações sociais. Tem gente que não consegue imaginar sua vida ou seu relacionamento sem sexo e isso faz muito sentido.

Assexuais

Mas será que ele tem que estar presente, o tempo todo, na vida de todos nós? Será que a gente é obrigada (o) a ter uma frequência sexual mínima? E algumas pessoas, como os assexuais, que podem não ter interesse em sexo, como eles ficam nesse contexto?

Aqui, vale aquela máxima que a gente sempre repete: quando se trata de comportamento sexual não existe uma regra ou uma forma única. É na riqueza da diversidade das experiências humanas que o sexo (e os relacionamentos) existem.

A vida é cheia de fases

Assim, em algumas fases da vida, eu posso querer fazer sexo todos os dias, com parceiros ou parceiras diferentes. Em outras fases, eu posso me reservar o direito de não querer fazer sexo por seis meses ou um ano, ou, ainda, o tempo que que quiser, sem ter que ser cobrado por isso.

Esse afastamento não é obrigatoriamente causado por um trauma, um sofrimento intenso, uma experiência ruim, uma doença, ou a pressão de uma religião, por exemplo, como em geral se imagina. O desejo de não querer fazer sexo pode ser, sim, uma decisão autêntica minha, uma escolha, e tudo bem!

Da mesma forma, existem pessoas que podem não se interessar por sexo nunca ou se interessar de forma apenas parcial, ou, ainda, apenas quando essa experiência está atrelada a um relacionamento afetivo u uma conexão emocional (demissexuais).

Será que é doença? 

A falta de desejo sexual não é necessariamente um problema ou uma doença, e nem precisa de tratamento para baixa libido. É uma decisão pessoal e isso não incomoda a pessoa, o que marca uma orientação sexual como qualquer outra.  

É claro que depressão, problemas hormonais, estresse, crise no relacionamento, entre outras causas, podem levar a uma piora da libido e diminuir o desejo por se engajar em sexo, mas são pessoas que gostam de sexo e, momentaneamente, enfrentam uma piora do seu desejo. Diferente dos assexuais, que não gostam, não querem e não sentem falta de sexo.

Alguém pode ser assexual e, mesmo assim, querer se engajar ou se envolver amorosamente com outra pessoa. Eles não curtem sexo, mas podem nutrir afetos e sentimentos por seu parceiro.

Recado final: o ideal é que as pessoas possam ter liberdade e respeito para viver ou não sua orientação quando o assunto é sexo.

Dr. Jairo Bouer

Dr. Jairo Bouer

Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr