A pesquisa indica que uma em quatro adolescentes de 17 a 19 anos sofre de algum tipo de transtorno mental
Redação Publicado em 23/11/2018, às 17h56 - Atualizado em 04/12/2018, às 17h56
Uma grande pesquisa realizada pelo sistema de saúde britânico indica que uma em quatro adolescentes de 17 a 19 anos sofre de algum tipo de transtorno mental, como depressão ou ansiedade. A proporção é o dobro da registrada entre garotos da mesma idade.
Outros dados preocupantes: mais da metade dos jovens de ambos os sexos com transtorno mental, nessa faixa etária, já se automutilou ou tentou suicídio. Cerca de 5,6% apresentam um transtorno dismórfico corporal, ou seja, a obsessão por algum defeito no corpo. E 1,6% sofrem de algum transtorno alimentar, como anorexia ou bulimia.
O levantamento, que contou com 9 mil jovens, revela que a ocorrência de transtornos mentais é menos comum entre jovens e crianças de 5 a 15 anos, mas tem aumentado, o que é preocupante. A taxa passou de 9,7%, em 1999, para 10,1%, em 2004, e, depois, para 11,2%, em 2017. Já outros tipos de transtorno, como hiperatividade e problemas de conduta, permaneceram estáveis em relação às pesquisas anteriores.
Os pesquisadores utilizaram como ferramenta de avaliação os critérios diagnósticos da Classificação Internacional de Doenças, o CID-10, também adotado no Brasil. Os pais também foram ouvidos para se fechar o diagnóstico, bem como os professores, no caso dos adolescentes mais novos.
O uso das mídias sociais pode ter relação com esses números, de acordo com os psiquiatras. Mas a hipótese ainda precisa ser mais estudada. O que os dados mostram é que os jovens de 11 a 19 anos com transtornos mentais são mais propensos a usar as plataformas do que os colegas que nunca receberam um diagnóstico. Cerca de um terço deles passa mais de quatro horas por dia nessas mídias.
Os usuários admitiram que seu humor é afetado pelo número de “likes” nos posts publicados, e também que costumam se comparar com os amigos nas mídias sociais. Do total de garotos e garotas com transtornos mentais que usam as plataformas, 41,5% declararam já ter sofrido cyberbullying.
A sexualidade é outro fator envolvido: se 13,2% dos adolescentes de 14 a 19 anos foram diagnosticados com algum transtorno mental, o índice foi de 35% entre os jovens que não se identificam como heterossexuais.
Para os psiquiatras, as meninas têm sido mais diagnosticadas porque sofrem mais com os efeitos negativos das mídias sociais, além de ser mais afetadas pela pressão por boas notas e para ter um corpo bonito.
Pesquisas semelhantes nos Estados Unidos também mostram o aumento da frequência de transtornos mentais entre os jovens daquele país. Todos esses levantamentos devem servir de alerta para o Brasil, já que, apesar de ter uma realidade socioeconômica diferente, possui semelhanças no que diz respeito aos hábitos dos jovens.