Redação Publicado em 29/11/2021, às 19h00
O mundo poderá encarar 7,7 milhões de mortes relacionadas à Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) nos próximos dez anos se as lideranças mundiais não conseguirem lidar com as desigualdades. Pelo menos é o que diz um relatório emitido pelo Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids).
Segundo a autoridade, esse é um chamado de urgência já que todo o progresso associado à pandemia da doença está sob um risco cada vez maior à medida que a crise da Covid-19 persiste em todo o mundo, interrompendo serviços de prevenção, conscientização e tratamento contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana).
No comunicado intitulado “Desiguais. Despreparados. Ameaçados: por que são necessárias ações ousadas para acabar com a AIDS, interromper a COVID-19 e preparar respostas a futuras pandemias” , o Unaids alertou ainda que, se as medidas necessárias para acabar com a Aids não forem adotadas, o planeta também ficará refém da Covid-19 e permanecerá despreparado para as próximas possíveis pandemias.
A estimativa de 7,7 milhões de mortes relacionadas à Aids entre 2021 e 2030 é o que estudos de modelagem preveem se a cobertura dos serviços de HIV for mantida constante nos níveis de 2019. Se a Estratégia Global de Aids 2021-2026: “Acabar com as Desigualdades, Acabar com a Aids” for executada e as metas de 2025 forem atingidas, estima-se que, pelo menos, 4,6 milhões dessas mortes podem ser evitadas durante a década.
Alguns países – inclusive aqueles com os mais altos índices de HIV – fizeram progressos importantes no combate contra a Aids nos últimos anos, mostrando que é um caminho possível. Mas, os números de novas infecções assustam e não estão caindo em uma velocidade suficiente para parar a pandemia.
Só em 2020, por exemplo, foram registrados 1,5 milhão de novos casos de HIV, e as taxas são crescentes em algumas nações ao redor do mundo. Toda semana, cerca de 5 mil jovens mulheres entre 15 e 24 anos de idade são infectadas pelo vírus.
Além disso, o número de infecções também é diretamente afetado pelas desigualdades. De acordo com o Unaids, na África subsaariana, seis em cada sete novos casos ocorrem em adolescentes de 15 a 19 anos.
Homens gays e homens que fazem sexo com outros homens (HSH), profissionais do sexo e pessoas que usam drogas enfrentam um risco de 25 a 35 vezes maior de adquirir o vírus em todo o mundo.
Confira:
A pandemia de Covid-19 diminuiu o combate à Aids em muitos lugares. Os dados mostram que o ritmo da testagem do HIV caiu quase uniformemente e, dos 50 países que se reportaram ao Unaids, 40 disseram que menos pessoas que convivem com o vírus iniciaram o tratamento.
Os serviços de prevenção também foram fortemente impactados. Em 2020, o atendimento de redução de danos para pessoas que usam drogas foi interrompido em 65% dos 130 países pesquisados no relatório.
Para as autoridades globais, ainda é possível combater e acabar com a epidemia de Aids até 2030. Porém, para que esse objetivo seja alcançado, é preciso uma ação coletiva.
O relatório do Unaids traz cinco elementos considerados pelos Estados-Membros na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Aids, essenciais para um combate efetivo. Segundo eles, todos devem ser implementados com urgência:
Para os especialistas, as pandemias encontram força e espaço para crescer em sociedades divididas. Por isso, todos os profissionais atuantes na ciência, medicina, enfermagem e comunidades não terão sucesso no combate à Aidsse não tiverem lideranças mundiais que deem suporte e tomem medidas necessárias para derrotar as desigualdades que impulsionam o HIV atualmente.
Vale lembrar que 2021 marca os 40 anos desde que os primeiros casos da doença foram registrados no mundo. Desde então, nos locais onde os investimentos atingiram as metas, houve um progresso grande, especialmente em relação ao acesso ao tratamento.
Segundo o Unaids, em junho deste ano, 28,2 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento do HIV, em comparação a 7,8 milhões em 2010.
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