Pesquisa mostra que existe um efeito paradoxal no uso da mídia e as pessoas acabam não relaxando como gostariam
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h17 - Atualizado às 23h57
Depois de um dia longo de trabalho, você se joga no sofá e liga a TV, ou usa o videogame para se distrair? Muita gente acha que esse tipo de lazer traz bem-estar e ajuda a recuperar as forças depois de um dia difícil. Mas um estudo mostra que esse tipo de “terapia” só faz as pessoas se sentirem mais culpadas e com a sensação de terem falhado.
Pesquisadores das universidades Johannes Gutenberg Mainz, na Alemanha, e VU Amsterdam, na Holanda, entrevistaram 471 pessoas que têm o hábito de usar a mídia para relaxar depois do trabalho ou da escola.
Eles descobriram que os participantes, no fundo, encaravam a TV ou o videogame como formas de procrastinação. E se sentiam culpados por não estarem fazendo coisas mais importantes, o que no fim das contas diminuía os efeitos positivos do uso da mídia como forma de relaxar e recuperar a vitalidade. Os resultados foram publicados no Journal of Communication.
Pesquisas anteriores já mostraram que a mídia de entretenimento de fato produz uma “experiência de recuperação” depois de um dia difícil. E também pode gerar uma sensação de domínio (por exemplo, quando você vence um jogo ou assiste a um filme provocador). As pessoas se sentem energizadas e, às vezes, até melhoram sua performance cognitiva.
No entanto, o estudo atual mostra que há um certo paradoxo no uso da mídia. Apesar dos benefícios, a TV, o videogame e os smarphones às vezes entram em conflito com tarefas que são menos agradáveis, porém mais importantes. E a consequência é que os meios de comunicação acabam se tornando um fator a mais de estresse, em vez de ser uma arma contra ele.
A saída para o problema talvez seja diminuir um pouco o tempo em frente às telas. Assim você não deixa de fazer o que tem de ser feito, sente menos culpa e aproveita melhor os benefícios da TV, do computador e do videogame.