Lei proíbe cigarros eletrônicos no Ceará; entenda os riscos do hábito

Governador do estado veta o uso de qualquer dispositivo eletrônico para fumar em ambientes públicos e privados

Redação Publicado em 24/11/2021, às 14h30

Muitas pessoas migram do cigarro convencional para o eletrônico, mas ele também oferece riscos - iStock

Nos últimos anos os cigarros eletrônicos têm ganhado mais espaço e, junto deles, muitas dúvidas sobre a sua segurança e sobre quão prejudicial pode ser o hábito. 

Diante desse cenário, o governador Camilo Santana, do Ceará, sancionou a Lei 17.960, que proíbe o uso de qualquer tipo de dispositivo eletrônico para fumar, seja vape, e-cigarro, e-cig ou e-cigarette, em ambientes públicos e privados dos 184 municípios do estado.  

A medida foi adicionada à Lei nº 14.436, de 25 de agosto de 2009, que já previa a proibição do uso de cigarro tradicional, charutos, cachimbos, cigarrilhas e outros produtos “derivados ou não do tabaco” em lugares coletivos e privados. 

Entretanto, vale lembrar que o ato de fumar é liberado em ambientes abertos, ao ar livre, e em áreas exclusivas para fumantes em locais coletivos, desde que esteja delimitada e tenha opções para a exaustão do ar. 

Tabagismo no Brasil

Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12,6% da população brasileira acima dos 18 anos é fumante, ou seja, é um hábito presente na vida de mais de 20 milhões de pessoas.

Conheça, aqui, algumas dicas de como parar de fumar

Apesar de ser uma parcela considerável, o número é um avanço se comparado há 20 anos, quando essa porcentagem era o dobro. Conforme o tempo passa, políticas públicas de prevenção ao tabagismo ganham força, mas novos desafios também surgem, como é o caso do cigarro eletrônico. 

Atualmente, no Brasil, de acordo com o Ibope Inteligência, a quantidade de brasileiros usando cigarro eletrônico dobrou em apenas um ano, saltando de 0,3% para 0,6% da população. São cerca de 600 mil usuários.

Para os especialistas, o cigarro eletrônico é capaz de causar danos físicos e psicológicos tanto quanto o cigarro tradicional. Além disso, por ser uma novidade, ter um design moderno e por não ter uma regulação, é um produto que atrai principalmente adolescentes, uma geração que, até então, tinha quase abandonado o hábito de fumar. 

A pandemia 

A pandemia de Covid-19 pode ter contribuído para esse crescimento. Afinal, os sentimentos provocados por esse período, como raiva, ansiedade e medo de contrair a doença, levaram mais pessoas a recorrerem ao cigarro como forma de aliviar a pressão.

Confira:

De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no período da pandemia as pessoas que fumavam aumentaram a quantidade de cigarro consumida em um único dia em até 40%. E o mesmo parece estar acontecendo entre consumidores dos cigarros eletrônicos.

Segundo especialistas, ainda é cedo para saber quais as consequências do consumo desse tipo de cigarro, tanto em médio quanto em longo prazo. Talvez seja necessário esperar cerca de 20 anos para ter uma noção da proporção do impacto.

O cigarro eletrônico é um dispositivo que transforma um líquido com uma grande quantidade de nicotina em vapor. Mesmo que ainda não existam evidências concretas sobre o efeito desse hábito no surgimento de cânceres, é um produto composto por elementos potencialmente prejudiciais à saúde, mesmo sem tabaco na sua composição.

Tabagismo ainda é a principal causa de câncer

Apesar de todos os avanços, o tabagismo ainda continua sendo o maior responsável por casos de câncer de pulmão em todo o mundo – considerado o tipo de câncer que mais mata.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2017, 73.500 pessoas foram diagnosticadas com algum tipo de câncer provocado pelo hábito de fumar, 428 morrem diariamente pela mesma razão e 156 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco não fosse uma presença frequente.

Outro ponto importante é que, em 79% dos casos de câncer de pulmão, os pacientes eram fumantes ou ex-fumantes, e somente 21% nunca tiveram contato com o tabaco.

Anualmente, são cerca de dois milhões de diagnósticos de câncer de pulmão no mundo e quem fuma tem de 20 a 30 vezes mais chances de desenvolver a doença, já que as substâncias que compõem o cigarro são capazes de mutar o DNA das células pulmonares, transformando as saudáveis em malignas. 

O tabagismo também aumenta as chances de pelo menos outros 12 tipos de câncer. São eles: bexiga, pâncreas, fígado, colo do útero, esôfago, rim e ureter, laringe (cordas vocais), cavidade oral (boca), faringe (pescoço), estômago e cólon e leucemia mielóide aguda.

Os especialistas lembram ainda que para parar de fumar e vencer todas as dependências (físicas e psíquicas) provocadas pelo cigarro é necessário ter força de vontade e contar com uma rede de apoio, que inclui família, amigos e profissionais da saúde.  

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