Filhos de mulheres que usaram maconha durante a gravidez apresentam risco elevado de desenvolver problemas de saúde mental ou comportamental. O alerta é
Jairo Bouer Publicado em 28/09/2020, às 06h00
Filhos de mulheres que usaram maconha durante a gravidez apresentam risco elevado de desenvolver problemas de saúde mental ou comportamental. O alerta é de pesquisadores da Universidde de Washington, nos EUA, em estudo publicado no periódico Jama Psychiatry.
Em comparação com crianças não expostas, as que tiveram contato com a droga durante a vida intrauterina foram mais propensas a apresentar transtornos mentais, dificuldades de memória e aprendizado, e menor volume cerebral durante a infância.
A equipe avaliou dados de quase 11.500 crianças. Os dados foram coletados entre junho de 2016 e outubro de 2018 com crianças de 9 a 11 anos.
Do total da amostra, 655 crianças foram expostas à cannabis no útero, sendo que 413 foram expostas apenas antes de as respectivas mães descobrirem a gravidez. Houve uma correlação modesta entre as taxas de uso de álcool e cigarro na gestação e o uso de maconha.
O risco foi especialmente maior para crianças expostas em fases mais avançadas da gestação, ou seja, depois que as mães já sabiam que estavam grávidas. Esses filhos tiveram uma tendência mais alta a sofrer com episódios psicóticos, impulsividade, problemas de atenção e de socialização.
Uma das possíveis razões para essa associação, segundo os pesquisadores, é que o sistema endocanabinoide, presente no corpo humano, só se expressa com cerca de seis semanas de gestação. Esse sistema é que viabiliza os efeitos do THC, princípio ativo que dá o “barato” da maconha, no organismo.
A descoberta é importante, já que o uso de maconha durante a gravidez aumentou em mais de 100%, de 2002 a 2017, nos EUA. Vários estados norte-americanos permitem o uso medicinal da cannabis, e alguns legalizaram o uso recreativo.
Ainda que a droga não seja legalizada no Brasil, a aprovação em outros países, bem como a divulgação dos efeitos medicinais da cannabis, podem fazer com que muitas gestantes acreditem que o consumo seja seguro.
(Da Redação do Site do Dr. Jairo Bouer)
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