Redação Publicado em 16/11/2021, às 16h30
Mulheres que usam cannabis durante a gravidez, potencialmente para aliviar o estresse e a ansiedade, podem acabar predispondo suas crianças a terem ansiedade e estresse. É o que sugere um novo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).
À medida que a legalização da cannabis recreativa progride em todo o mundo, muitas pessoas podem acreditar que o seu uso não oferece riscos significativos à saúde. Porém, a substância é considerada uma das drogas recreativas de abuso mais consumidas durante a gestação.
Segundo os pesquisadores, a maconha é capaz de desempenhar um papel na modulação do estresse, razão pela qual algumas pessoas a usam para reduzir a ansiedade e relaxar.
Entretanto, a exposição a essa substância ainda no útero tem o efeito oposto nas crianças, fazendo com que tenham níveis aumentados de ansiedade, se tornem mais agressivas e hiperativas em comparação a crianças cujas mães não fazem uso durante a gravidez
Para este estudo, os pesquisadores examinaram a expressão do gene placentário, bem como o comportamento e a fisiologia durante a primeira infância em um estudo de longo prazo com 322 pares de mães e filhos, todos retirados de um estudo em andamento baseado na cidade de Nova York (Estados Unidos) sobre estresse na gravidez iniciado em 2009.
Quando as crianças tinham aproximadamente seis anos, os níveis hormonais foram medidos através de amostras de cabelo, registros de eletrocardiograma foram usados para medir a função cardíaca durante uma condição indutora de estresse e os funcionamentos comportamental e emocional foram avaliados com base em pesquisas administradas aos pais.
Confira:
Os filhos de mães que usaram cannabis durante a gravidez apresentaram maior ansiedade, agressão, hiperatividade e níveis mais elevados do hormônio do estresse – também conhecido como cortisol – quando comparados às crianças que não foram expostas à substância ainda no útero.
O uso materno de cannabis também foi associado a uma redução no componente de alta frequência da variabilidade da frequência cardíaca, ou seja, uma mudança no intervalo de tempo entre os batimentos cardíacos, que normalmente reflete o aumento da sensibilidade ao estresse.
Além disso, o sequenciamento de RNA do tecido da placenta coletado no momento do nascimento em um subconjunto de participantes revelou que o uso de maconha na gravidez foi associado a uma menor expressão de genes de ativação imunológica, incluindo citocinas pró-inflamatórias, que estão envolvidas na proteção contra doenças.
Segundo os pesquisadores, muitas mulheres grávidas são diariamente bombardeadas com desinformação sobre a inofensividade da cannabisenquanto, na realidade, ela é mais potente hoje do que há alguns anos.
Para eles, os resultados do estudo ressaltam a necessidade de levar conscientização sobre os riscos da maconha, especialmente para as mulheres grávidas de populações mais vulneráveis. Essas são ações essenciais para a melhora da saúde das mães e das crianças.
Veja também: