Outros trabalhos já mostraram esse efeito em usuários de cocaína e heroína, mas, em consumidores da erva, este foi o primeiro
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h38 - Atualizado às 23h55
Um estudo traz evidências de que o uso pesado de maconha pode prejudicar a liberação de dopamina, um mensageiro químico importante para o cérebro. Pesquisadores da Universidade de Columbia, no Estados Unidos, descobriram baixas quantidades dessa substância em uma região envolvida na memória, no atenção e na impulsividade dos usuários. Outros trabalhos já tinham chamado atenção para esse efeito após o consumo de cocaína e heroína, mas, em consumidores da erva, este foi o primeiro.
A pesquisa incluiu 11 adultos de 21 a 40 anos que eram muito dependentes de maconha há pelo menos sete anos, além de 12 indivíduos saudáveis, que fizeram parte do grupo de controle. A maioria dos usuários da droga havia iniciado aos 16 anos e tornou-se dependente por volta dos 20. Todos foram submetidos aos testes, que envolviam exames de tomografia específicos para rastrear receptores de dopamina.
Comparados ao grupo de controle, os usuários apresentaram uma liberação bem menor de dopamina em uma região do cérebro conhecida como corpo estriado, incluindo algumas áreas em volta associadas ao aprendizado motor e sensorial. Os pesquisadores também aplicaram testes de aprendizado e memória nos participantes do estudo, e os indivíduos com menor liberação da substância naquelas regiões tiveram desempenho pior nos dois tipos de tarefa.
Os autores observam que não dá para ter certeza se a redução de dopamina era uma condição pré-existente ou relacionada ao uso pesado e contínuo de maconha. Mas eles acreditam na segunda hipótese. Os resultados foram publicados no periódico Molecular Psychiatry.