Usuários de droga para déficit de atenção sofrem mais bullying, diz pesquisa

O problema é ainda mais frequente entre os jovens que costumam vender ou compartilhar as pílulas com os colegas

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h34 - Atualizado às 23h55

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Crianças e adolescentes que tomam medicamentos para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são duas vezes mais propensos a sofrer bullying, segundo um estudo da  Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. E o problema é ainda  mais frequente entre os jovens que costumam vender ou compartilhar as pílulas com os colegas – eles são quatro vezes mais propensos a sofrer intimidação.

Os resultados, publicados no Journal of Pediatric Psychology, foram similares para meninos e meninas.  Ao todo, foram entrevistados cerca de 5.000 estudantes, sendo que 15% deles tinham sido diagnosticados com o transtorno.

Os pesquisadores já sabiam que jovens que sofrem de TDAH têm mais dificuldade em fazer amigos, mas o estudo é um dos primeiros a avaliar como o uso do medicamento pode interferir nas relações sociais dos usuários.

Infelizmente, é comum que os jovens queiram experimentar os estimulantes indicados para o transtorno, por acreditarem que isso pode melhorar o desempenho deles nas provas. Na pesquisa, 20% dos usuários de medicamentos como a ritalina relataram ter sido abordados para que vendessem ou compartilhassem a droga. Cerca de metade admitiu ter aceitado.

Para os autores do trabalho, isso não deve desencorajar o tratamento. Embora exista muita discussão sobre a prescrição exagerada de medicamentos para TDAH, as drogas podem ajudar muito quem sofre do transtorno. Talvez seja o caso, apenas, de ser mais discreto em relação ao uso.

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