Um estudo que acompanhou mais de 1,6 milhão de mulheres na Suécia mostra que a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) foi capaz de reduzir em 88% os
Da Redação Publicado em 08/10/2020, às 17h33 - Atualizado em 20/10/2020, às 12h36
Um estudo que acompanhou mais de 1,6 milhão de mulheres na Suécia mostra que a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) foi capaz de reduzir em 88% os casos de câncer de colo de útero naquela população.
O trabalho, publicado este mês no The New England Journal of Medicine, envolveu meninas e mulheres que tinham de 10 a 30 anos de idade em 2006, um ano antes da introdução da vacina quadrivalente de HPV naquele país. A coleta de informações foi concluída em 2017 e a análise foi coordenada por equipes do Instituto Karolinska, da Universidade de Lund e da Agência de Saúde Pública da Suécia.
O câncer de colo de útero foi diagnosticado em 19 mulheres que receberam a vacina quadrivalente de HPV e em 538 que não foram imunizadas. “É um resultado que reflete a grande eficácia da vacina”, diz Luisa Lina Villa, professora do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
“Foram dez anos de acompanhamento e foram feitas várias medidas, como residência, escolaridade, renda e características das famílias, ou seja, é um estudo muito amplo e cuidadoso”, comenta.
A vacina quadrivalente protege contra os dois principais tipos de HPV associados ao câncer (tipos 16 e 18), além de outros dois tipos mais associados a verrugas genitais (tipos 6 e 11). É a mesma presente no programa brasileiro de imunização, para todas as meninas de 9 a 14 anos e meninos de 10 a 14 anos de idade.
Vale lembrar que os homens também podem ter e transmitir o HPV, desenvolver lesões ou verrugas genitais e também alguns tipos de câncer – o vírus está envolvido em muitos casos de tumores de cabeça e pescoço, ânus e pênis.
A imunização também já trouxe reduções significativas de casos de câncer em países como Finlândia e EUA, além de diminuições nas taxas de verrugas genitais (outro problema de saúde pública).
Será que podemos esperar resultados parecidos aos da Suécia por aqui? “Ocorre que as taxas de cobertura continuam relativamente baixas no Brasil, sendo em torno de 40 a 50% para as meninas, e de apenas 20, 25% para os meninos”, lamenta Luisa. “De qualquer maneira, sabemos, por estudos em vários países, que mesmo com essa cobertura não tão alta, a vacina é efetiva.”
É importante destacar que a imunização é mais eficiente quando aplicada em meninas e meninos antes do início da vida sexual, ou seja, do contato com o vírus. Também é bom lembrar que o HPV pode ser transmitido mesmo se não houver penetração. No estudo recém-publicado, a redução dos casos de câncer foi maior para as meninas vacinadas mais cedo.
O câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente nas mulheres brasileiras, depois do câncer de mama e colorretal, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). E é o quarto tipo de tumor que causa mais mortes. Em algumas regiões com menor acesso a exames preventivos, como no Norte do país, a doença mata mais que o câncer de mama.
Como não existe câncer de colo de útero sem o vírus, a combinação da vacina com o rastreamento da doença, que é realizado com exames regulares de papanicolau e testes de HPV, pode levar à eliminação desse tipo de tumor. Além de reduzir muitos outros casos de câncer em homens e mulheres.
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