De saúde mental à falta de concentração no EAD, o período de isolamento afetou muita gente
Redação Publicado em 10/02/2021, às 10h02
Desde que a pandemia começou, foi necessário fazer uma quarentena que alterou a rotina de muita gente. E, embora essa nova "forma de viver" não tenha agradado praticamente ninguém, ela acabou afetando mais a população jovem. Confira sete consequências que esse período teve para os jovens:
1. Ansiedade e depressão
Conforme mostram estudos feitos por diversas universidades da Europa, como a de Copenhagen, College London, Sorbonne, Inserm e Groningen, o isolamento afeta mais a saúde mental de pessoas abaixo dos 30 anos. Logo, a ansiedade e a depressão, por exemplo, ficaram mais comuns durante esse período.
Vale acrescentar que uma pesquisa divulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em setembro do ano passado, e que contou com 7.000 jovens do sexo feminino de 14 países, mostrou que o Brasil foi um dos países em que as meninas mais sofreram com a ansiedade durante o início da pandemia. De acordo com o levantamento, chamado Impacto da Covid-19 na Vida de Meninas e Jovens Mulheres, nove entre dez garotas do mundo todo tiveram sintomas ansiosos moderados ou severos durante a quarentena.
Só no Reino Unido, a proporção de jovens (garotos e garotas) com ansiedade dobrou durante o primeiro lockdown, passando de 13% para 24%, segundo um estudo feito na Universidade de Bristol e divulgado no British Journal of Psychiatry.
2. Sono prejudicado
Segundo a pesquisa " Convid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos", realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o sono também foi afetado pela pandemia. Dos 9.470 jovens de 12 a 17 anos de idade analisados, 36% deles relataram uma piora na qualidade do sono, sendo que desses, as meninas e os adolescentes de 16 a 17 anos foram os mais afetados.
Além da ansiedade, que pode ser causa e consequência do sono insuficiente, o maior tempo gasto em aparelhos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores, pode estar por trás das dificuldades para dormir. Por natureza, o adolescente já apresenta uma tendência a ir para a cama mais tarde. Porém, com a luz emitida pelas telas e a excitação proporcionada pelas mídias, muitos pais têm flagrado os filhos acordados no meio da noite com o smartphone na mão.
3. Mais tempo de tela
Se antes da pandemia os adolescentes costumavam ficar 3 horas e 20 minutos sentados, vendo TV ou no videogame, depois dela o total aumentou para 5 horas e 3 minutos, de acordo com a pesquisa.
Mais de 60% dos adolescentes passaram mais de 4 horas/dia em frente ao celular, tablet ou computador. Para os de 16 a 17 anos de idade, a proporção doi 70%.
4. Humor abalado
Do total de adolescentes entrevistados na pesquisa acima, 31.6% relataram ter sentido tristeza na maioria das vezes (22,4%) ou sempre (9,2%) durante a pandemia, sendo que a proporção foi duas vezes maior entre as meninas. Sentir-se isolado dos amigos foi um problema para 32,8% dos jovens, e algo que também incomodou mais às garotas.
5. Piora da alimentação
O estudo também mostra que o consumo de pratos congelados e o de chocolates e doces aumentou 4%. A atração por itens açucarados foi maior para as garotas – 58,1% delas disseram ter comido mais esse tipo de alimento, que a gente chama de "comida conforto". Já o consumo de frutas e hortaliças permaneceu similar ao observado antes da Covid-19.
6. Sedentarismo
Mais de 43% dos jovens afirmaram não ter praticado atividade física por 60 minutos em nenhum dia da semana, sendo que antes da pandemia essa proporção era de 20,9%. Quem fazia uma hora de exercício cinco ou mais vezes na semana também não conseguiu manter a frequência (a proporção caiu de 28,7% para 15,7%).
7. Dificuldades de aprendizado
Além disso tudo, os jovens também sofreram bastante com o ensino à distância. Do total, 59% relataram falta de concentração; 38,3% reclamaram da falta de interação com os amigos. Garotas, em geral, e também os adolescentes mais velhos foram os que sofreram mais com isso.
Em relação à absorção do conteúdo, 47,8% disseram ter entendido pouco o que foi ensinado (51,3% das meninas e 44,1% dos meninos) e 15,8% afirmaram não entender nada (17,4% das meninas e 14,1% dos meninos).
É importante lembrar que educadores também sofreram muito para adaptar todo o conteúdo oferecido em sala de aula para o ambiente virtual, e com a dificuldade de muitos alunos, quando não deles próprios, para lidar com problemas técnicos, lentidão ou interrupções frequentes na conexão com a internet. Em situações estressantes, é difícil manter a qualidade do ensino e garantir que todas as dúvidas dos alunos sejam esclarecidas rapidamente.
Fim da pandemia: quais as expectativas de que tudo volte ao normal
“Estão tirando sarro de mim porque engordei na pandemia. O que faço?”
Transtorno leva jovens a riscos em busca de perfeição inalcançável
Enem: saúde mental dos jovens é assunto urgente e necessário