Redação Publicado em 06/09/2021, às 17h51
Nesta época de muitas selfies, de culto da aparência e o recurso de filtros e programas de edição de imagens, as pessoas parecem ter peles perfeitas, imaculadas. Mas, na vida real, isso muito raramente corresponde à verdade. Quase todos nós temos sinais, marcas, como as de nascença, cicatrizes, grandes e pequenas, vestígios epidérmicos de uma acne severa, sardas e verrugas.
Embora sejam benignas, ter verrugas não é algo bem-vindo e geralmente se quer dar um paradeiro a elas. Talvez essa rejeição tenha sido reforçada desde muito cedo por personagens de desenhos animados e certos filmes, cuja personalidade má é reforçada por uma aparência nem sempre agradável e... com verrugas. Quem não se lembra da rainha má, de “Bela Adormecida”?
No entanto, não são muitos os que sabem exatamente o que são as verrugas, o que as causam e a maneira mais adequada de se livrar delas, já que tentam fazer isso por conta própria. Coisa temerária, porque nem tudo o que parece verruga é. Pode ser até algo mais sério...
Conforme explica o médico dermatologista John Veasey, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP), verrugas são lesões cutâneas provocadas pelo vírus papilomavírus humano. E, de acordo com o Ministério da Saúde, existem mais de 150 tipos diferentes de HPV!
A infecção causada por esse vírus leva a um crescimento anormal das células da epiderme e as lesões podem ter forma, textura e cor distintos e se localizar em diversas partes do corpo.
Confira:
• Verrugas vulgares ou comuns
Mais frequentes na infância, essas verrugas se apresentam como lesões irregulares, endurecidas e ásperas, que surgem, geralmente, nas áreas de atrito, como mãos, dedos, cotovelos e joelhos. Quando aparecem ao redor das unhas, recebem o nome de verrugas periungueais.
• Verrugas plantares
Elas recebem esse nome por causa de sua localização: a planta dos pés. São conhecidas popularmente como “olho de peixe”, em função de seus pontinhos escuros no centro. São muitas vezes confundidas com calos e podem doer devido à pressão do peso corpo.
• Verrugas (ou condilomas) anogenitais
Podem surgir na mucosa genital e também na uretra, vagina, no colo do útero, na região perianal ou mucosa oral, e têm o aspecto semelhante à couve-flor. Podem ser únicas ou múltiplas. Existem aproximadamente 40 subtipos de HPV relacionados a esse tipo de verrugas. Os que mais preocupam são 12 deles, uma vez que podem evoluir para o câncer de colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe.
• Verrugas filiformes
Pessoas mais velhas são as mais acometidas, apresentando-as na face, pescoço, pálpebras e lábios. O nome se deve à forma fina e alongada.
• Verrugas planas
Têm forma de bolinhas de cor acastanhada ou amarelada e superfície lisa. Em geral, surgem na face e no dorso das mãos de adolescentes.
A transmissão desse vírus se dá pelo contato com pessoas ou objetos infectados. Para que ele penetre na pele, explica o médico dermatologista Veasey, é necessário que haja uma perda na coesão epitelial, uma ruptura da continuidade da pele, seja por feridas visíveis a olho nu, seja por microfissuras, que são imperceptíveis.
Assim, não é uma boa ideia ficar cutucando a verruga, que pode levar a uma autoinoculação. O HPV também pode ser transmitido pelo contato sexual e via materno fetal, no momento do parto. Detalhe: a verruga não aparece imediatamente. Para a lesão se manifestar, podem decorrer semanas e até meses, após a transmissão. Pessoas com baixa imunidade são mais vulneráveis à infecção, como acontece com pacientes transplantados.
A pele pode apresentar muitos “distúrbios”, como pintas ou nevos, (que surgem a partir das células produtoras de melanina), caroços (como os lipomas, tumores benignos compostos por células de gordura) e verrugas, entre outras manifestações. Isso gera muita confusão.
Porém, a maioria dessas lesões não decorre de uma infecção pelo HPV. Em outras palavras: não são verrugas. E atenção: um câncer de pele pode ser confundido com verruga por uma pessoa leiga.
As verrugas podem desaparecer espontaneamente, em especial nas crianças. Por outro lado, não se pode esquecer que sempre há o risco de o vírus se proliferar pela pele e mucosas. Como lembra o médico Veasey, a verruga é uma doença infecciosa, com contágio por contato direto e/ou indireto com a lesão, além da autocontaminação e transmissão para outras pessoas.
O mais importante é uma consulta com um dermatologista, que é capacitado para fazer corretamente o diagnóstico. John Veasey alerta: não tratar as lesões, ou pior, tratar incorretamente uma lesão como uma verruga pode complicar o quadro e piorar uma doença que pode ser grave.
Tratar uma verruga varia conforme o tipo, a localização e a idade do paciente. A abordagem se divide em três grandes grupos:
É importante destacar que a vacina para vírus HPV não é terapêutica, ou seja, não trata as lesões clínicas, mas age na prevenção do surgimento de novas lesões.
Fontes: Health.com, com assessoria da American Academy of Dermatology (AAD); Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP)
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