Vigorexia: entenda o que é e os riscos para a saúde

Transtorno psicológico, a vigorexia faz com que a pessoa tenha uma visão distorcida da própria imagem

Redação Publicado em 16/06/2021, às 16h00

A vigorexia pode levar a sentimentos de fadiga excessiva, estresse, ansiedade e depressão - iStock

A vigorexia é um transtorno psicológico, classificado no espectro do transtorno obsessivo-compulsivo, em que a pessoa tem uma visão distorcida da própria imagem. Também chamada de Transtorno Dismórfico Muscular ou Anorexia Nervosa Reversa, a vigorexia é similar à anorexia, já que ambas fazem com que a pessoa não veja seu corpo como ele realmente é.

A pessoa que sofre com vigorexia nunca acha que está forte, magra e definida o suficiente, o que faz com que ela busque maneiras exageradas e nem sempre saudáveis de gerar mudanças corporais, como: treinar de forma exagerada, usar substâncias como os esteróides anabolizantes e até realizar cirurgias e técnicas estéticas em exagero para conquistar alterações na aparência.

Tais medidas exageradas e mesmo a visão distorcida da própria imagem podem levar a pessoa a sofrer com o overtraining, também conhecido como Síndrome do Sobretreinamento. Isso pode gerar perda de performance, recuperação inadequada, fadiga constante, irritação, alterações no sono, queda da libido, afastamento social, depressão e ansiedade.

Assim como as pessoas que sofrem com anorexia podem ficar muito magras e ainda se enxergarem acima do peso, as pessoas que sofrem com vigorexia podem desenvolver muitos músculos e ainda se verem fracas e pequenas. Um artigo publicado na Harvard Health Publishing que discute o  Transtorno Dismórfico Muscular diz:

“As pessoas que têm essa condição estão preocupadas com o que consideram defeitos físicos. Em muitos casos, essa preocupação atinge proporções delirantes: eles veem falhas corporais que não existem e têm pouca ou nenhuma consciência de que suas preocupações são irracionais. Alguns com o transtorno sabem que estão irracionalmente presos a algum aspecto de sua aparência, mas isso só os faz sentir vergonha e faz com que mantenham seus sintomas dolorosos em segredo”.

O que causa a vigorexia?

As principais causas da vigorexia passam pelos rígidos valores estéticos da sociedade, fazendo com que pessoas fora desse padrão sofram com bullying e discriminação. Essa pressão pode acabar gerando uma visão distorcida de si, levando aos exageros para mudar o corpo e receber mais aceitação social.

Em uma análise publicada na National Library of Medicine, o autor Frederick G Grieve levantou nove  fatores que contribuem para o desenvolvimento de vigorexia: massa corporal, influência da mídia, internalização do ideal de forma corporal, baixa autoestima, insatisfação pelo corpo, falta de controle da própria saúde, efeito negativo, perfeccionismo e distorção corporal.

Confira:

Outro estudo, da Universidade de Sidney, avaliou dados retirados de uma pesquisa com 3.618 adolescentes australianos divididos igualmente entre sexo masulino e feminino, avaliando os sintomas de vigorexia, transtornos alimentares, sofrimento psicológico e comprometimento funcional.

O resultado apontou que os meninos avaliados eram um pouco mais propensos a sofrer com a vigorexia - 2,2% dos meninos contra 1,4% das meninas - e também mais propensos do que meninas a relatarem preocupação severa com a musculatura, aplicando um regime de levantamento de peso que interferia em suas vidas. Já as meninas eram mais propensas a relatar desconforto com o corpo.

Tratamento

O tratamento da vigorexia envolve diversos profissionais de áreas como psicologia, nutrição, medicina e educação física. Além de buscar ajuda especializada, questionar os padrões estabelecidos pela sociedade também faz parte do tratamento, levando a uma melhor aceitação do próprio corpo.

Durante o tratamento não é necessário parar a prática de atividade física, mas sim ajustá-la para que seu foco seja na saúde e no bem-estar - e não na mudança radical do corpo. Acima de tudo, o objetivo deve ser ajudar a pessoa a repensar a preocupação com a sua aparência e iniciar um tratamento para problemas subjacentes.

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