Violência doméstica pode ser mais frequente entre casais do mesmo sexo

As agressões por parte dos parceiros é tão ou mais frequente nesse grupo que a registrada entre heterossexuais

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h19 - Atualizado às 23h57

-

No início desta semana, noticiei aqui uma pesquisa norte-americana mostrando que um em cada cinco homens costuma agredir a mulher ou parceira. Nesta sexta-feira (19), um novo estudo sobre o tema foi divulgado, desta vez em relação a casais do mesmo sexo. E a conclusão é preocupante: a violência doméstica nesse grupo é tão ou mais frequente que a registrada entre heterossexuais.

Cientistas da Faculdade de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, junto com um psicólogo do Hospital Memorial Northwestern, nos Estados Unidos, decidiram fazer uma revisão da literatura sobre o tema.

Eles descobriram que a violência doméstica afeta de 25% a 75% dos gays, lésbicas e bissexuais. Entre heterossexuais, uma em cada quatro mulheres enfrenta o problema, e a proporção é bem menor entre os homens.

Segundo os pesquisadores, a prevalência mais alta entre casais do mesmo sexo pode ser explicada pelo estresse adicional que o grupo sofre, pelo fato de ser minoria e sofrer preconceito.

Os autores ressaltam que nessa população os homens também relutam em se apresentar como vítimas, por isso as denúncias de lésbicas são bem mais frequentes que as de homens gays e bissexuais.

Mas os pesquisadores também chamam a atenção para a falta de dados representativos e para a subnotificação de casos. Muitos homossexuais não denunciam a violência por medo de discriminação, ou mesmo por receio de serem acusados pelo abuso. E ainda há o grande número de pessoas que não quer tornar pública sua orientação sexual.

Os dados, publicados no Journal of Sex & Marital Therapy, mostram que o preconceito torna o combate à violência doméstica ainda mais difícil para esse grupo. E só quando esse primeiro obstáculo for vencido é que será possível lidar realmente com o problema.

comportamento violência lésbicas bissexuais gays GLBT preconceito violência contra a parceira violência doméstica início