Redação Publicado em 17/08/2021, às 19h30
Consumir maiores quantidades de vitamina D, especialmente de fontes dietéticas (alimentos), pode ajudar a evitar o desenvolvimento do câncer colorretal de início precoce ou o aparecimento de pólipos pré-cancerígenos, de acordo com o Instituto de Câncer Dana-Farber da Universidade de Harvard (Estados Unidos).
Segundo os pesquisadores do estudo, publicado recentemente na revista Gastroenterology, os achados poderiam potencialmente levar a novas recomendações de maior ingestão de vitamina D como um complemento mais barato aos testes de rastreamento que são feitos como estratégia deprevençãdo câncer colorretal em adultos com menos de 50 anos.
O câncer colorretal é uma doença muito frequente, sendo o terceiro tipo mais recorrente entre os homens (atrás dos de pulmão e de próstata) e o segundo entre as mulheres (atrás apenas do câncer de mama) – excluindo dessa lista o câncer de pele não melanoma. Ele compromete a região do intestino grosso (cólon) e do reto (localizado no final do intestino, antes do ânus).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram estimados 40.990 novos casos em 2020, sendo 20.520 em pessoas do sexo masculino e 20.470 do feminino. Entre os principais fatores de risco estão: idade igual ou acima de 50 anos, histórico familiar de câncer no intestino, excesso de peso e alimentação não saudável (pobre em vegetais, frutas e outros alimentos ricos em fibras), tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.
Os sintomas mais frequentes que podem sinalizar câncer colorretal são: sangramento nas fezes, dor abdominal, perda de peso, fraqueza, anemia e mudança de hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados). Na maioria das vezes, esses sinais não são causados pelo câncer, mas é importante que sejam investigados se não melhorarem em alguns dias.
Vale lembrar que o diagnóstico precoce deste e de qualquer outro tipo de câncer é fundamental para possibilitar maiores chances de tratamento.
Embora a incidência geral de câncer colorretal venha diminuindo nos últimos anos, os casos em adultos mais jovens têm aumentado, sendo uma tendência preocupante que segue sem respostas.
Nesse contexto, autores da pesquisa observaram que o consumo de vitamina D de fontes alimentares, como peixes, cogumelos, ovos e leite também decaiu nas últimas décadas e, além disso, há evidências crescentes da associação entre esse tipo de nutriente e o risco de mortalidade por câncer colorretal.
Confira:
Assim, como a deficiência de vitamina D tem aumentado constantemente, surgiu o questionamento se isso não poderia estar contribuindo para o crescimento das taxas de câncer colorretal em indivíduos jovens com menos de 50 anos.
A pesquisa revelou que a ingestão total de vitamina D de 300 UI por dia ou mais – equivalente a cerca de três copos de leite de 240 ml – estava associada a um risco aproximadamente 50% menor de desenvolver precocemente o câncer colorretal.
Os resultados do estudo foram obtidos pelo cálculo do consumo de vitamina D – tanto de fontes dietéticas quanto de suplementos – de 94.205 mulheres estadunidenses participantes do Estudo de Saúde das Enfermeiras II (NHS II), um projeto que teve início em 1989.
Desde então, as mulheres foram acompanhadas a cada dois anos através de questionários sobre demografia, fatores de dieta e estilo de vida, informações médicas e outras relacionadas à saúde.
Além disso, os pesquisadores se concentraram em analisar um ponto específico: o câncer colorretal de início jovem, diagnosticado antes dos 50 anos de idade. Para isso, eles também perguntaram se as participantes tinham feito uma colonoscopia ou sigmoidoscopia, procedimentos em que os pólipos colorretais (que podem ser precursores do câncer colorretal) podem ser encontrados.
Durante o período de 1991 a 2015, a equipe documentou 111 casos do câncer e 3.317 pólipos colorretais. A análise mostrou que a maior ingestão total de vitamina D estava associada a um risco significativamente reduzido da doença de início precoce. A mesma ligação foi encontrada entre os pólipos.
A associação foi ainda mais forte para a vitamina D dietética – principalmente a encontrada em produtos lácteos – em comparação ao consumo de suplementos desse nutriente.
Curiosamente, os pesquisadores não observaram uma associação significativa entre a ingestão total de vitamina D e o risco de câncer colorretal diagnosticado após os 50 anos. Os achados não foram capazes de explicar essa inconsistência e os cientistas disseram que novas pesquisas em uma amostra maior são necessárias para determinar se o efeito protetor da vitamina D é realmente mais forte no câncer colorretal de início jovem.
De qualquer forma, para os autores, entender os efeitos da vitamina D e os fatores de risco é fundamental para que sejam elaboradas recomendações corretas sobre alimentação e estilo de vida, bem como identificar indivíduos de alto risco para o desenvolvimento precoce desse tipo de câncer.