Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h36 - Atualizado às 23h55
Não parava de chover e de repente fez sol? E seu time andava jogando mal, mas, por sorte, ganhou a partida? Não estranhe se você sentir uma vontade incontrolável de apostar na Mega-Sena. Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos, eventos positivos inesperados fazem as pessoas jogarem mais na loteria.
Alguns estudos já mostraram que, quando as pessoas estão de bom humor, elas tendem a aceitar mais apostas arriscadas. E outros trabalhos também já indicaram que o nosso humor é particularmente suscetível a fatos positivos que acontecem sem que a gente estivesse esperando.
Por isso, pesquisadores da Universidade de Nova York decidiram avaliar se fatores como o clima e os resultados de eventos esportivos poderiam interferir na tendência das pessoas a apostar na loteria. Para isso, eles levantaram os números de compra diária de bilhetes em 174 bairros da cidade em um período de dois anos.
Em paralelo, eles estudaram as tabelas das principais ligas de futebol americano, hockey, basquete e beisebol. A equipe analisou a expectativa que se tinha antes dos jogos e os resultados no dia seguinte, para identificar os dias em que os times mais populares venceram de forma inesperada.
O mesmo foi feito com o clima: a equipe utilizou dados diários de radiação solar, nos mesmos dois anos, na área metropolitana de Nova York. Assim como fizeram com os esportes, os pesquisadores calcularam a média diária que serviu como previsão para o dia seguinte e o resultado.
Fatores que podem interferir na compra de bilhetes de loteria, como feriados, dias de recebimento de salário ou condições climáticas muito desfavoráveis, foram isolados. O resultado? Dias de sol repentino ou vitórias inesperadas de grandes times interferiram fizeram o número de apostas subir 0,5%, tanto em bairros ricos quanto nos mais pobres.
Não pense que 0,5% é pouco. Os autores ressaltam que, para uma cidade com 8 milhões de habitantes, isso significa US$ 160 mil dólares a mais investidos na loteria.
Os dados, publicados na revista Psychological Science, mostram o quanto uma alteração repentina no humor das pessoas e até o clima podem interferir na tendência a assumir certos riscos. Isso pode ter impacto não só na economia, mas, eventualmente, em outros aspectos da vida também.