Segundo uma revisão de pesquisas científicas, o medo da solidão acaba obscurecendo muitos dos benefícios da vida de solteiro
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h41 - Atualizado às 23h54
É bom ter alguém para dividir a cama e a rotina, e há até estudos que apontam os benefícios da vida a dois para a saúde. Mas uma revisão de mais de 800 pesquisas científicas, envolvendo milhares de pessoas, revela: ser solteiro também tem suas vantagens. Por isso, nada de desespero.
Numa época em que só fica sozinho quem quer, graças a redes sociais e aplicativos de encontros, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, nos Estados Unidos, decidiram checar se esse status é algo tão ruim quanto muita gente faz parecer. E a conclusão, apresentada na convenção anual da Associação Americana de Psicologia, é que o medo da solidão acaba obscurecendo muitos dos benefícios da “carreira solo”.
Segundo os autores, liderados por Bella DePaulo, solteiros ou divorciados tendem a crescer mais como pessoas, em termos psicológicos, do que casados. Eles buscam ocupações que trazem mais significado para a vida, talvez porque não vivam tão preocupados em sustentar a família. E, além disso, são mais conectados com parentes, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, já que casar e ter filhos leva muita gente a se isolar em seu próprio núcleo.
Um dos estudos analisados mostrou que os solteiros são mais propensos a apresentar mais determinação e resiliência. Mas outro lembrou que viver só exige uma porção extra de autossuficiência – quanto mais presente é essa característica, menor a propensão a experimentar emoções negativas. Curiosamente, o resultado foi o oposto para os casados.
Os pesquisadores ressaltam que há mais solteiros do que nunca nos Estados Unidos. Se em 1976 apenas 37,4% da população não era casada, hoje a parcela é de 50,2%. No Brasil não é diferente: em 2013 havia 49% de solteiros e 6% de divorciados, segundo o IBGE. Claro que, como os autores deixam claro, a ideia não é mostrar que um status é melhor do que outro. Mas é aquela história: cada um tem que buscar o que faz mais sentido para si. Nem todo mundo precisa estar acompanhado para ser feliz.