Estudo mostra que amigos observam traços de personalidade que podem indicar a tendência a viver mais ou menos
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h24 - Atualizado às 23h56
Segundo pesquisadores da Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, seus amigos até podem ser inclinados a vê-lo de uma maneira positiva. Por outro lado, eles podem observar com mais imparcialidade traços de sua personalidade capazes de aumentar os riscos de morte prematura, de acordo com Joshua Jackson, professor de psicologia da universidade e principal autor.
O estudo, publicado na revista Psychological Science, demonstra que a personalidade que uma pessoa apresenta por volta dos 20 anos pode ajudar a prever se ela vai viver bastante. E os amigos são as melhores pessoas para reconhecer esses traços.
Já está provado que a personalidade de uma pessoa pode ter impacto na sua saúde futura. Humor deprimido e raiva, por exemplo, têm sido associados a diversas doenças e morte prematura.
O trabalho mostra que homens classificados pelos amigos como pessoas abertas e conscientes tendem a viver mais, pois são mais propensos a comer bem, fazer exercícios e evitar situações de risco.
Mulheres descritas como afáveis e estáveis emocionalmente também têm uma expectativa de vida mais alta, pois apresentam maior capacidade de lutar contra a raiva, a ansiedade e a depressão, segundo o principal autor.
Jackson e sua equipe analisaram dados de um estudo que acompanhou homens e mulheres desde 1930, época em que estavam na faixa dos 20 anos e prestes a se casar. Amigos íntimos deles, incluindo os padrinhos e madrinhas de casamento, foram entrevistados.
Os pesquisadores descobriram que a avaliação dos amigos indicou melhor o risco de mortalidade dos participantes que as autoavaliações. Para Jackson, isso ocorre porque as pessoas são tendenciosas ao falar de si mesmas. Fora isso, o autorrelato é só uma opinião, enquanto as descrições dos amigos são variadas.
O principal autor observa que, se o estudo fosse iniciado hoje, os resultados em relação às mulheres talvez fossem mais parecidos com os dos homens, já que naquela época poucas mulheres trabalhavam.
Os pesquisadores concluem que depoimentos dos membros da família e até mesmo do próprio médico podem ser úteis para identificar fatores de risco em um paciente e oferecer tratamentos mais personalizados.