Volta às aulas: quais são as doenças de pele mais comuns em crianças?

De piolho a sarna, confira os sinais das doenças mais comuns que podem ser transmitidas em escolas e creches

Redação Publicado em 04/08/2021, às 11h00

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) não recomenda remédios caseiros para os tratamentos - iStock

Com a vacinação avançando no Brasil, muitas escolas já estão voltando ao regime presencial, e isso significa que as crianças devem passar por uma readaptação para retornar à rotina. Normalmente, quando isso ocorre, muitos pais percebem que seus filhos voltam para casa com alguns problemas, normalmente adquiridos na própria escola, como é o caso de piolho ou até mesmo sarna.

Sabendo disso, a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) alerta de antemão que escutar conselhos de amigos ou parentes, ou mesmo a indicação de um atendente de farmácia, pode ser um risco para o sucesso do tratamento de doenças dermatológicas que afetam crianças e até adolescentes. Por isso, os médicos dermatologistas lembram aos pais e responsáveis que a automedicação (induzida ou espontânea) deve ser evitada no momento de cuidar de sinais e sintomas que atingem a saúde de pele, cabelos e unhas de crianças. 

A utilização de fórmulas caseiras (chás, infusões, extratos de plantas), xampus, pomadas, cremes ou outros medicamentos sem a devida indicação médica pode comprometer o tratamento das doenças que afetam os pequenos. Na avaliação dos especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é importante levá-los para a avaliação de um especialista, mesmo de forma preventiva. 

“É recomendável um cuidado maior com a saúde dos pequenos em creches e escolas, pois são locais com maior risco de contaminação pelo contato prolongado entre as crianças. Mas se ocorrer a transmissão de alguma dessas doenças, não tente resolver o problema por conta própria. Leve a criança para a avaliação atenta e o acompanhamento de um médico dermatologista”, afirma a coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD, Silvia Assumpção Soutto Mayor.

Confira:

Com o retorno gradual às aulas presenciais e às atividades em grupo, e sabendo que as crianças ficam mais expostas a uma série de doenças dermatológicas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia faz algumas recomendações a pais, mães e adultos responsáveis, a fim de evitar que esses problemas atinjam as crianças com a retomada da rotina escolar. 

Como lembrou a coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD, os adultos devem ficar atentos à saúde de seus filhos ou crianças sob sua responsabilidade.

Não deixe de procurar a ajuda de um médico dermatologista, evitando soluções caseiras ou o uso de remédios sem a devida prescrição. Cada paciente deve ser avaliado, segundo suas necessidades, sendo que as dosagens e os períodos de uso dos medicamentos podem variar de paciente para paciente. Lembre-se: o uso indevido pode retardar o tratamento e causar problemas ainda maiores, como alergias e intoxicações”, reforçou Silvia Soutto Mayor. 

Para se prevenir de dificuldades na prevenção e no combate às doenças de pele, cabelos e unhas que afetam alunos e frequentadores de creches, confira as características dos principais desses problemas dermatológicos e procure ajuda, se necessário. 

Escabiose 

De contágio exclusivo entre humanos, essa doença, também conhecida como sarna, surge por conta de contato direto com pessoas, roupas e outros objetos contaminados. Aproximadamente quatro dias após o contato com o ácaro (Sarcoptes scabiei, variante hominis) surgem bolinhas na área infectada que podem vir acompanhadas de bolhas d’água e coçam muito, principalmente à noite.

Em geral, essa doença não afeta apenas crianças. Outros membros da família – mesmo os adultos – também podem ser acometidos. O tratamento consiste no uso medicamentos tópicos prescritos por um especialista, que indicará o período e a forma de aplicação. Dependendo da característica do quadro apresentado, também pode ser preciso usar medicamentos sistêmicos. Como a doença é bastante contagiosa, deve ser avaliado o tratamento para todos os contatos próximos, a fim de reduzir o risco de complicações, o que reforça a importância do acompanhamento por um médico dermatologista. 

Impetigo 

Trata-se de uma infecção bacteriana superficial, altamente contagiosa e muito frequente em crianças. As manifestações ocorrem especialmente na face, braços e pernas. O impetigo se caracteriza pela presença de crostas amareladas ou bolhas nas áreas afetadas. A infecção também pode atingir o paciente após algum trauma na pele, como arranhões e pequenos cortes, ou picadas de insetos. Para prevenção, os dermatologistas recomendam manter a pele sempre limpa. Também é aconselhável evitar coçar lesões. O tratamento pode exigir o uso de antibióticos. 

Micoses 

Essa doença é causada pela ação de fungos que atingem a pele, as unhas e o cabelo. A transpiração, o calor e a umidade estão entre os fatores que favorecem o surgimento de micoses, que aparecem com maior frequência em pés, dedos, unhas e virilha.

Como forma de prevenção, os médicos dermatologistas recomendam não compartilhar itens de higiene pessoal, secar bem o corpo após o banho e evitar deixar a criança com a pele úmida pelo suor por muito tempo. Também deve-se evitar deixar que as crianças caminhem descalças por áreas públicas, como ginásios, piscinas e praias. Em caso de infecção, o tratamento exige o uso de medicamentos específicos que devem ser prescritos por especialistas no assunto, que farão a escolha de acordo com as características da manifestação. 

Molusco 

Essa doença é uma infecção viral contagiosa. Confunde-se com pequenas espinhas ou bolinhas cor da pele, que são indolores e podem estar isoladas ou agrupadas. O contato direto com outra criança com molusco é a forma de contágio mais comum. Para não deixar que o vírus se espalhe para outras partes do corpo, é importante evitar o ato de coçar e mexer nas lesões.

É recomendável levar a criança para avaliação do médico dermatologista, que prescreverá o tratamento adequado, seja o uso de medicamentos ou até mesmo a remoção cirúrgica das lesões. Dependendo do nível de imunidade da criança, é possível que as lesões regridam ou até desapareçam, mas isso não elimina a importância de uma consulta com o especialista. 

Pediculose 

Causada por piolhos (Pediculus humanus), a pediculose é uma doença parasitária bastante frequente em crianças de 3 a 11 anos. A transmissão ocorre por contato direto. O principal sinal de contágio é a presença de coceira intensa, que pode provocar até ferimentos. Para prevenir, evite o compartilhamento de objetos de uso pessoal, como pentes, roupas, presilhas, bonés e toalhas. Também oriente seus filhos a não irem com o cabelo molhado para a escola, pois a umidade favorece a proliferação dos insetos.

Além dos cuidados citados, o ideal é não ter contato com crianças infestadas. Assim, caso seus filhos manifestem o problema, avise a escola e siga as recomendações dos médicos para que eles não espalhem a doença. 

Pitiríase versicolor 

Também conhecida como micose de praia ou “pano branco”, essa doença é causada por fungos do gênero Malassezia. Apresenta-se clinicamente em forma de manchas brancas que descamam, especialmente nas áreas muito oleosas do corpo (pescoço, tronco, rosto) e no couro cabeludo. Os médicos dermatologistas avisam: a família deve ficar atenta aos sintomas dessa manifestação em crianças e adolescentes. Caso surjam, o especialista deve ser procurado o mais rápido possível para fazer o diagnóstico e dar início ao tratamento, que pode incluir administração de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais. 

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