Zumbido é a percepção de um som ou ruído que não tem uma fonte externa, ou seja, apenas a própria pessoa pode ouvir. Essa condição, que afeta profundamente a qualidade de vida, com frequência tem relação com alterações na orelha interna e em áreas do cérebro associadas à audição.
“Cerca de 90% dos quadros estão ligados a algum nível de perda de audição, mesmo que leve: o zumbido é desencadeado por essa perda auditiva, mesmo quando leve: com menos som entrando, toda a vida auditiva sofre alterações em sua atividade neuronal, incluindo regiões do cérebro relacionadas a audição que ficam hiperativas”, explica a otorrinolaringologista Nathália Prudencio, especialista em tontura e zumbido.
Em alguns casos, porém, o zumbido pode surgir por outras causas, como problemas fora do ouvido, incluindo alterações musculares ou articulares que podem alterar o funcionamento da via auditiva, alterações em exames de sangue que podem interferir no funcionamento da orelha interna, e alterações vasculares dentro do ouvido ou próximo a ele.
Sintomas de zumbido são relativamente comuns – segundo a médica, afetam de 15 a 20% da população, principalmente pessoas com 65 anos ou mais. A preocupação maior é quando o zumbido é unilateral, vem associado a sintomas como alteração repentina na audição, tonturas, dor ou saída de secreção do ouvido, e quando ele é persistente e passa a causar impacto na qualidade de vida do paciente como irritabilidade, insônia e ansiedade.
Não existe um tratamento único para todos os pacientes com zumbido no ouvido. Ele deve ser estabelecido de forma individualizada, de acordo com a causa da condição.
“Para pessoas com perda auditiva mensurável, a utilização de aparelhos auditivos é indicada para correção da perda e melhora do zumbido, porém os aparelhos auditivos não são recomendados para pessoas com resultados normais de testes auditivos”, explica Nathália.
Já em casos em casos em que o zumbido surge por problemas fora do ouvido, como os citados acima, o tratamento de condições subjacentes como essas pode reduzir ou até eliminar o ruído.
A especialista recomenda, ainda, algumas medidas que podem ajudar no impacto que o zumbido causa no cotidiano e na percepção do som, como a terapia sonora.
A terapia sonora consiste em usar estímulos sonoros neutros, agradáveis ao paciente e mais baixos que o som do zumbido, para reduzir a percepção do sintoma em ambientes silenciosos. Colocar no ambiente sons monótonos, como ruído branco ou sons da natureza pode fazer com que o cérebro perceba menos o som do zumbido.
“Muitas pessoas fazem isso por conta própria, usando áudios da internet, por exemplo, mas o mais indicado é contar com a orientação e a supervisão de otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos especializados para realizar o tratamento corretamente e receber orientações sobre medidas adicionais para se obter a melhora esperada”, afirma Nathália.
Ter uma vida mais saudável não fará o problema desaparecer por completo, mas pode ajudar bastante, segundo a médica. Ela diz que o paciente sempre será orientado sobre ter uma alimentação equilibrada, evitando abusos, principalmente de substâncias estimulantes, como cafeína, nicotina e álcool, e açúcares.
“Ter um sono de qualidade também tem total relação com a melhora do zumbido; além disso, a atividade física regular e medidas de controle de estresse são importantes, já que o estresse e ansiedade podem ser fatores que pioram o zumbido”, ensina a médica.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin