A alopecia androgenética é a principal causa de queda de cabelos em mulheres adultas no mundo inteiro, causando enorme impacto emocional e afetando grandemente a qualidade de vida dessas mulheres.
Apesar de sua alta frequência, sua causa ainda não é totalmente conhecida pela medicina, mas sabe-se que fatores hormonais, genéticos e ambientais atuam como as principais causas para seu surgimento.
O termo "alopecia androgenética" foi assim designado devido à ação de hormônios masculinizantes, produzidos pela mulher, que afetam diretamente na queda e miniaturização dos folículos pilosos. Entretanto, ao contrário dos homens, que apresentam calvície localizada em graus variados, na mulher a queda dos fios se dá de forma mais difusa.
Peça chave da feminilidade representada inúmeras vezes e em todos os tempos por pintores e escultores, o cabelo é um dos principais símbolos que representam a mulher e, por isso, perdê-los ou ter poucos fios determinam enorme impacto psicológico e emocional.
A perda de cabelos pode iniciar-se a partir dos 30 anos com piora no período da menopausa, por volta dos 50 anos. Sua incidência é maior nas causasianas e menor nas asiáticas e afrodescendentes.
O quadro caracteriza-se pela diminuição da quantidade dos fios, aumento de espaços vazios no couro cabeludo (por queda difusa) e afinamento dos cabelos, gerando diminuição de sua densidade. É comum a perda de mais de 50% da espessura do fio.
Mulheres com ovários policísticos e hiperplasia adrenal congênita têm maior chance de apresentar algum grau de alopecia androgenética, associada à acne e hirsutismo (aumento de pelos em outras áreas).
Outras alterações devem ser investigadas, como alterações da tireoide e anemia.
O estresse oxidativo é outra causa importante para a queda de cabelos. Entende-se por estresse oxidativo a maior produção de radicais livres pelas células do folículo piloso, levando ao dano do próprio folículo e consequente queda dos fios. Isso pode ocorrer por diversos fatores. Podemos destacar:
O tratamento visa principalmente a repilação e a interrrupção da queda dos fios. Uma investigação detalhada deve ser dirigida pelo dermatologista a fim de descartar possíveis causas internas que estejam associadas ou causando o problema.
A tricoscopia (análise do fio e do couro cabeludo através do dermatoscópio) é um exame bastante importante, realizado pelo dermatologista, e pode ser de grande ajuda no diagnóstico e possível abordagem terapêutica.
O minoxidil é a substância mais utilizada e com maior eficácia no tratamento da alopecia androgenética. Ela age na repilação e no aumento da espessura dos fios. É utilizado nas suas formas oral e tópica. Pode ter efeitos adversos em alguns casos, como taquicardia, sinais de hipotensão e hipertricose (aumento de pelos em outras áreas do corpo). Assim, nunca tome esta medicação por conta própria!
O acetato de ciproterona é um antiandrógeno e também é utilizado. Nas mulheres jovens, a espironolactona pode ser uma boa opção.
A finasterida, medicação bastante utilizada para tratar alopecias em homens, pode ser utilizada, mas em doses maiores. Mulheres que pretendem engravidar não podem tomar este medicamento.
Nutricosméticos à base de vitaminas, sais minerais, aminoácidos e silício orgânico são outra opção para o tratamento via oral.
Topicamente, loções à base de minoxil, 17-alfa-estradiol e finasterida são bastante utilizados.
Outras opções realizadas nos consultórios de dermatologia são o microagulhamento e o laser de baixa potência.
Outra terapia bastante empregada nos Estados Unidos, porém, aqui no Brasil ainda não liberada pelos órgãos de vigilância sanitária, é a infusão de PRP (plasma rico em plaquetas), cujos estudos brasileiros preliminares demonstraram ótimos resultados.
Lilian Akemi Ota
Médica dermatologista de São Paulo, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da American Academy of Dermatology. @lilian_ota