O narguilé atrai jovens por ser considerado charmoso e até sensual. Pesquisadores alertam que é preciso combater essa imagem positiva dos cachimbos orientais, que também fazem mal à saúde
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h14 - Atualizado às 23h57
Para muitos jovens, usar narguilé é algo relaxante, diferente e até sensual. Essa visão positiva desses artefatos de origem oriental, também conhecidos como cachimbos d`água, é bem diferente da que existe hoje em relação ao cigarro.
É justamente essa ideia sobre o narguilé que as campanhas educativas deveriam combater para ter sucesso, segundo uma pesquisa realizada pela faculdade de medicina da Universidade de Pittsburgh, nos EUA.
O narguilé já foi foco de uma campanha do Inca (Instituto Nacional do Câncer), depois que um levantamento estimou em 300 mil o número de consumidores no Brasil. Boa parte deles (40%) tem até 24 anos, segundo o instituto. E muita gente que fuma cigarro também consome o cachimbo oriental.
O problema é que o narguilé também utiliza derivados do tabaco, que contém nicotina, metais pesados e substâncias cancerígenas. Além disso, o ar inalado é aquecido pelo carvão, produzindo monóxido de carbono, que também é tóxico.
A presença da água faz com que o usuário aspire ainda mais fumaça, sem sentir tanto incômodo. Fora que os aditivos aromáticos também incentivam os jovens a experimentarem o produto. Na época em que foi feita a campanha, o Inca alertou que uma hora consumindo narguilé seria o equivalente a fumar 100 cigarros.
No estudo feito em Pittsburgh, que vai ser publicado em junho na revista Nicotine & Tobacco Research, os pesquisadores analisaram o comportamento de 569 jovens estudantes de uma universidade da Flórida ao longo de sete meses. Nesse período, 13% deles começaram a usar narguilé.
Os pesquisadores perceberam que, mesmo conscientes dos riscos à saúde, os jovens não se sentiam inibidos ao experimentar o cachimbo oriental. Para eles, o narguilé é algo prazeroso, divertido e até sensual – acima de tudo, uma prática socialmente aceitável entre os pares, o que já não é mais uma realidade em relação ao cigarro.
Já aqueles estudantes que não tinham uma imagem tão positiva do narguilé eram menos propensos a iniciar o uso, concluiu o estudo.
Os pesquisadores também alertaram para o fato de que a regulamentação do uso de narguilé é menos clara e rigorosa que a do cigarro, o que também acaba incentivando o consumo.