Doutor, quando fui colocar a camisinha, errei o lado. Logo percebi e mudei, mas ela chegou a encostar rapidamente no pênis. Usei a mesma camisinha para a relação sexual. Corre-se o risco de gravidez?
Foi um toque tão rápido! Você foi colocar a camisinha, percebeu que ela estava do lado errado e encostou rapidamente na glande, na cabeça do pênis. Daí você virou a camisinha, colocou na posição correta e partiu para a relação sexual. Não tem risco de gravidez neste tipo de situação.
Porém, eventualmente, se você tivesse uma infecção, que pode ser transmitida pelo sexo, neste contato mais direto do preservativo com a mucosa do seu pênis e, depois, este mesmo lado do preservativo em contato com a mucosa da vagina da sua parceira, por exemplo, haveria o risco de transmissão de uma infecção sexualmente transmissível, uma IST, mas gravidez, desse jeito como você mencionou, não há risco.
A interna é aquela colocada diretamente dentro da vagina. Antigamente ela era conhecida como camisinha feminina. Ela é maior do que a interna, pode ser colocada bem antes da relação, e seu ajuste final acontece no momento da penetração. Já a externa, chamada antigamente de masculina, é aquela colocada ao redor do pênis momentos antes da penetração acontecer. A proteção das duas, quando a colocação é feita de maneira correta, é semelhante.
Não! Você não precisa e não deve usar duas ao mesmo tempo. Duas camisinhas (uma interna e uma externa ou, ainda, uma externa em cima de outra) aumentam o atrito e podem elevar o risco das camisinhas se romperem. Uma só camisinha bem colocada, antes do início da penetração já garante proteção.
Rasgar a embalagem com os dentes (o que pode danificar a camisinha), usar camisinha com data de validade vencida ou sem o selo de garantia do Inmetro, só colocar a camisinha depois que já começou a penetração (só para evitar a ejaculação), deixar bolhas de ar entre o pênis e o preservativo (isso também aumenta o risco de ruptura) e deixar vazar sêmen na hora de retirar (depois de ejacular o melhor é retirar logo para evitar risco de vazamento).
Pode sim, inclusive esse método (conhecido como combinado ou duplo), além de evitar as ISTs, aumenta ainda mais a proteção contra a gravidez indesejada.
Importante conversar com seu ginecologista para discutir o uso de pílula dia seguinte, caso você esteja no seu período fértil e avaliar o risco de ISTs. Ele pode pedir alguns exames e prescrever alguns medicamentos.
Sim, pode! A legislação brasileira garante acesso a todos os métodos contraceptivos para menores de idade, dos 13 aos 18 anos, respeitada sua privacidade, na rede pública e privada.
Caso isso aconteça (o que não é comum quando a camisinha é bem colocada e o pênis retirado logo após a ejaculação), a garota deve tentar tirar o preservativo com os próprios dedos de dentro do canal vaginal – e falar como ginecologista para orientações adicionais. Se ela não conseguir, tem que procurar o médico para que a camisinha seja retirada. Ela não pode ser “esquecida” dentro na vagina.
Dr. Jairo Bouer
Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr