Malho muito e acho que estou sempre fraco; o que fazer?

Jairo Bouer explica que essa preocupação exagerada pode indicar um transtorno chamado vigorexia

Redação Publicado em 29/07/2021, às 09h00

A vigorexia pode levar a sentimentos de fadiga excessiva, estresse, ansiedade e depressão - iStock

Doutor, estou obcecado com o meu corpo. Malho muito e acho que estou sempre fraco. O que eu posso fazer?

Essa pergunta mostra uma preocupação exagerada com a imagem corporal. Em casos mais graves desse tipo de comportamento, podemos falar em vigorexia, um transtorno em que a pessoa tem uma visão distorcida da própria imagem. 

A vigorexia é, mais ou menos, o oposto da anorexia, na qual o indivíduo acha que está muito mais gordo do que ele realmente é. Já na vigorexia, a pessoa acredita que seu corpo está muito fraco, apesar de malhar muito. 

Não é incomum que quem desenvolve esse tipo de transtorno fique muito tempo na academia, exagere no treino ou, até mesmo, se machuque por causa dessa preocupação exagerada. Pode haver também abusos na dieta, podendo levar a um afastamento das outras pessoas e a quadros como insônia, depressão e ansiedade. 

Assim, se o indivíduo percebe que está malhando demais, perdendo o controle sobre o treino, e ficando preocupado em excesso com o seu corpo, talvez seja uma boa ideia conversar com um profissional de saúde mental para tentar entender o que está acontecendo.   

O que causa a vigorexia?       

As principais causas da vigorexia passam pelos rígidos valores estéticos da sociedade, fazendo com que pessoas fora desse padrão sofram com bullying e discriminação. Essa pressão pode acabar gerando uma visão distorcida de si, levando aos exageros para mudar o corpo e receber mais aceitação social.

Em uma análise publicada na National Library of Medicine, o autor Frederick G. Grieve levantou nove  fatores que contribuem para o desenvolvimento de vigorexia: massa corporal, influência da mídia, internalização do ideal de forma corporal, baixa autoestima, insatisfação pelo corpo, falta de controle da própria saúde, efeito negativo, perfeccionismo e distorção corporal.

Confira:

Outro estudo, da Universidade de Sidney, avaliou dados retirados de uma pesquisa com 3.618 adolescentes australianos divididos igualmente entre sexo masulino e feminino, avaliando os sintomas de vigorexia, transtornos alimentares, sofrimento psicológico e comprometimento funcional.

O resultado apontou que os meninos avaliados eram um pouco mais propensos a sofrer com a vigorexia - 2,2% dos meninos contra 1,4% das meninas - e também mais propensos do que meninas a relatarem preocupação severa com a musculatura, aplicando um regime de levantamento de peso que interferia em suas vidas. Já as meninas eram mais propensas a relatar desconforto com o corpo.

autoimagem vigorexia tira dúvidas

Leia também

Estigma afeta a saúde mental de quem sofre com transtornos e vícios


Após anorexia, Mariana Goldfarb comenta sobre relação com o corpo


Internação por transtorno alimentar nos EUA dispara na pandemia


Ortorexia: conheça os principais sinais do transtorno alimentar