Redação Publicado em 28/03/2023, às 09h00
Doutor, mudei para casa do meu namorado, que mora no 23º andar. Eu tenho fobia de elevador, mas nunca contei nada para ninguém, por medo de ser ridicularizada. Ele não sabe também. O que eu faço?
Acho que a primeira história que você tem de resolver é com seu namorado. Vcoê tem uma fobia, está se mudando para casa dele, vai enfrentar uma dificuldade, então ele precisa saber o que está acontecendo, até para ficar mais tranquila e procurar buscar ajuda.
Para quem não sabe, a fobia é um medo desproporcional e persistente de algum objeto, pessoa, animal, atividade ou situação. Pelo que você nos conta, você tem uma fobia de elevador, uma fobia bem específica, que pode combinar o medo de altura e de ficar em lugares fechados.
Acho que você precisa de ajuda, ou seja, um profissional de saúde mental como psiquiatra ou psicólogo. É importante saber que você pode melhorar com uma exposição bem gradual ao estímulo gerador da fobia – no seu caso o elevador, ou a altura. Isso faz com que você tenha uma perda de sensibilidade a esse estímulo, e você acaba se acostumando a ele.
O começo é difícil, mesmo, mas você não deve ter medo de ser ridicularizada. Você tem uma questão de saúde mental que precisa de abordagem, de tratamento. E isso não é nenhum motivo de vergonha.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais com maior número de ansiosos do mundo. Ao menos 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) sofrem com algum tipo de transtorno de ansiedade, e as fobias estão inclusas nessa estatística. Além disso, segundo os Institutos Nacionais de Saúde, nos EUA, 20% da população mundial convive com essa condição.
Existem incontáveis tipos de fobias específicas. Entre as mais comuns estão:
Também há outras curiosas e menos frequentes, como:
Além das fobias específicas, que são mais recorrentes e são deflagradas por situações ou objetos, existe, ainda:
a fobia social (ou ansiedade social), que ocorre quando uma pessoa está diante de outras, numa festa ou outra situação social;
e a agorafobia, caracterizada por um medo de ficar sozinho em lugares públicos ou desconhecidos, em que a pessoa sente não ter controle sobre a situação ou não ter escapatória.
Ter a consciência de que é uma condição tratável e buscar ajuda é muito importante para alcançar a melhoria da qualidade de vida. O tratamento costuma envolver psicoterapia, e as que costumam trazer melhores resultados, segundo a literatura médica, são a terapia cognitivo-comportamental (que ajuda a pessoa a identificar o que deflagra suas emoções e modificar comportamentos), e a terapia de exposição (a pessoa é exposta de maneira muito gradual àquilo que lhe desperta medo, sempre com a participação do terapeuta).
Dependendo do caso, podem ser prescritos medicamentos de uso regular para controle da ansiedade, como antidepressivos, ou pontual, ou seja, apenas para situações de maior estresse, como sedativos ou drogas que evitam o aumento da pressão e a taquicardia (coração acelerado).