Empatia: instrumento de bem-estar pessoal e social

Pandemia e pessoas necessitadas, uma oportunidade para desenvolver boas ações

Marcello Barduco Publicado em 03/08/2021, às 13h27

A pandemia avassaladora que levou tantas vidas mostrou a fragilidade de nossas antigas convicções - iStock

Nosso mundo vivia um tempo em que cada segundo estava comprometido com uma tarefa. Agendas lotadas, deslocamentos demorados e tempo escasso. Ao finalizarmos um dia, não entendíamos por que nossas energias tinham sido consumidas - e ainda ficávamos devendo para os projetos de sempre: visitas aos pais envelhecidos, atenção a obras sociais, desenvolvimento da espiritualidade... Como encaixar boas ações na loucura diária?

"As mãos que fazem valem mais do que os lábios que rezam", Madre Tereza de Calcutá

Neste último ano surgiu um fato que nos fez redescobrir e ressignificar o tempo: a pandemia avassaladora que levou tantas vidas e mostrou a fragilidade de nossas antigas convicções nos nocauteou! Primeiro o atordoamento e o medo. A seguir, as ações de autodefesa. E então passamos a perceber a relatividade de nossas certezas de até então. 

A saudade de nossos “velhos”, agora isolados em suas casas, obrigados a sobreviver sem a presença de seus queridos, a ausência dos netos e do pouco que animava suas vidas. A televisão – passatempo preferido da maioria deles – gerando ansiedade e angústia. Muitas vezes dependendo da ajuda de parentes ou amigos para a provisão de alimentos e medicações deixadas na porta de seus lares. Como ficar bem sabendo de tanta perda? 

Tanta briga política e posições amplamente discutidas em redes sociais que não passam por testes de poucas semanas, mudando tudo o que se afirmava!

Em volta de nossas casas, nos caminhos em que nos aventuramos para resolver nossas necessidades básicas, percebemos agora famílias de desempregados que perderam tudo – até a dignidade. Difícil não se comover!

Cuidado com o próximo

A ONGMAIS, movimento que começou como ação entre médicos amigos a partir da iniciativa de Dra. Liliane Neves, hoje tem centenas de colaboradores, em sua maioria profissionais da saúde, e arrecada até sete toneladas de alimentos e centenas de cobertores em doações por mês para distribuição a pessoas necessitadas e entidades de ajuda a excluídos. Para saber mais, acesse: www.ongmais.com.br.

Nesses momentos surgem aquelas pessoas que nos fazem acreditar que o mundo tem jeito. Pequenas ações começam a pipocar aqui e ali, estimulando quem está próximo e, pouco a pouco, se tornam grandes movimentos. 

Arrecadação de alimentos, distribuição de roupas e cobertores, organização de visitas para entretenimento - mesmo que virtuais – a idosos, começam a surgir. Mobilizam muitas pessoas e nos fazem perceber que qualquer ato realizado para o bem de outro ser humano é muito gratificante.

Confira:

Aquele tempo que perdíamos nos deslocamentos intermináveis pode ser aproveitado para reflexão de nossa importância no mundo! Tanto podemos fazer para contribuir com a alegria – momentânea, talvez - de gente que nem conhecemos!

Nossa satisfação e bem-estar é maior que a gratidão de quem é “enxergado” (idosos, população de rua, abandonados em geral). Engajar-se em um movimento, uma ideia, uma ação de inclusão social faz bem! É uma enxurrada de endorfina e dopamina em nosso cérebro, é o surgimento de um calor no coração.

Vale pensar nisso. A adoção de uma boa causa gera o bem, muda o estado de espírito, valoriza os mais frágeis e retorna como alegria para quem se dispõe ao ato de doar seu tempo ou recursos!

 

 

 

* Dr. Marcello Barduco - Cardiologista e Emergencista do Corpo Clínico do Hospital Sírio Libanês. Pós-graduação em Geriatria pelo IEP – Hospital Sírio Libanês. Gestor do Pronto Atendimento no Hospital Santa Cruz (2004 a 2009). Membro do comitê de ética do Hospital Sírio Libanês (desde 2014). Responsável técnico pela Clínica Barduco há 25 anos. Membro do Conselho Editorial da TREVOO (desde 2021). marcello.barduco@trevoo.com.br

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