Luciene Miranda Barduco* Publicado em 01/07/2021, às 16h00
O tipo mais comum de câncer, no Brasil, independente de gênero, é o de pele (não incluindo melanoma que é um tipo especial). Nos homens, os mais comuns são os de próstata, de cólon e reto, de pulmão e estômago.
Nas mulheres, os tipos mais comuns são o de mama (1/3 de todos os cânceres), depois cólon e reto, aproximadamente 10%, seguidos dos de colo do útero e de pulmão. Estes são dados do Instituto Oncoguia, atualizados em fevereiro de 2020.
Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (INCA), última revisão em março 2021, são muito semelhantes.
No quesito mortalidade por câncer, novamente, o de mama chama a atenção, ocupando o primeiro lugar com uma taxa de 16,4%.
Como o câncer de mama é frequente e tem alta mortalidade, o caminho mais seguro é o do diagnóstico precoce, já que a prevenção não é tão eficiente.
Situações associadas ao maior risco de câncer de mama:
- Tabagismo
- Início precoce da menstruação
- Menopausa tardia
- Ausência de gestações
- Antecedente hereditário, principalmente da família materna
- Radioterapia prévia na região do tórax – para outros cânceres já tratados
Podemos entender que a busca por hábitos saudáveis tem o potencial de reduzir o risco de vários tipos de câncer, não só o de mama, mas é difícil estimar o impacto dessas atitudes. Portanto devemos investir no diagnóstico precoce usando protocolos que mudam de acordo com a faixa etária.
O melhor exame para diagnóstico precoce do câncer de mama continua sendo a mamografia que, por limitações técnicas, não se indica para mulheres jovens.
Nas mulheres jovens, com menos de 40 anos, o ideal é focar no autoexame mensal, na avaliação das mamas pelo ginecologista anualmente, e sempre que houver queixa ou nova alteração considerar fazer exames de imagem, como a ultrassonografia e, às vezes, até a ressonância magnética.
Caso a história familiar para câncer de mama seja preocupante, é preciso iniciar exames de rastreamento mais cedo, entre 30 e 35 anos.
Para as mulheres acima de 40 anos, a mamografia é o principal aliado do médico na detecção do câncer de mama e deve ser repetida anualmente. Somente ela consegue identificar o sinal mais precoce do câncer de mama, as microcalcificações. Se existirem dúvidas na mamografia, podemos complementar a investigação com o ultrassom, a ressonância e até procedimentos invasivos.
- Minha mamografia veio alterada, estou com câncer de mama?
- Na maioria das vezes, não!!
Toda e qualquer mamografia alterada merece ser avaliada, cuidadosamente, por seu ginecologista e, muitas vezes, pelo mastologista, o especialista nos cuidados com a mama.
A classificação usada nos achados da mamografia é a BIRADS. Ela permite que mesmo um médico não especialista possa ter ideia do risco de câncer e orientar ou encaminhar sua paciente. Essa classificação vai de 1 a 5 e orienta a conduta de acordo com o risco de associação da alteração na mamografia com câncer:
Dessa forma, mulheres que tenham mamografia alterada merecem uma avaliação personalizada e cuidadosa a fim de não perdermos a possibilidade do diagnóstico precoce do câncer da mama, o que faz toda a diferença com relação à agressividade do tratamento e à possibilidade real de cura.
*Luciene Miranda Barduco, médica formada pela USP, continua apaixonada por sua especialidade, a ginecologia e obstetrícia. Depois descobriu a mastolologia e, recentemente, a sexologia. Médica, esposa, mãe da Mariana e gosta muito de tudo isso!