Aproximadamente 5% da população sofre de algum transtorno alimentar como a anorexia e a bulimia, e as mulheres são as principais afetadas. No primeiro
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h57 - Atualizado às 23h52
Aproximadamente 5% da população sofre de algum transtorno alimentar como a anorexia e a bulimia, e as mulheres são as principais afetadas. No primeiro caso, a pessoa tem receio de comer e, apesar de emagrecer muito, continua se achando acima do peso. Já na bulimia, a pessoa tem episódios de compulsão alimentar seguidos de culpa e medidas nada saudáveis, como provocar o vômito ou tomar laxantes.
Não é difícil associar a tendência a esses transtornos à pressão exercida pela mídia. Apesar de hoje ser possível encontrar campanhas com modelos plus size, as pessoas ainda associam beleza a corpos esbeltos. Mas um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio decidiu investigar até que ponto os parceiros românticos das mulheres também podem interferir na propensão aos transtornos.
Após realizar entrevistas com 409 norte-americanas de mais ou menos 34 anos de idade, casadas ou em relacionamentos estáveis, eles descobriram que, para elas, a pressão exercida pelos maridos ou namorados é mais forte que a de amigos, parentes ou mesmo da mídia.
O estudo também encontrou uma associação significativa entre os sintomas e o consumo de pornografia pelos parceiros. As entrevistadas que viam o marido ou namorado acessar esse tipo de conteúdo com maior frequência, ou mesmo consumiam junto com eles, eram mais propensas a sentir uma pressão maior por parte deles para ter um corpo perfeito. Os resultados foram publicados no International Journal of Eating Disorders.
É importante ressaltar que o estudo não contou com os respectivos parceiros. O que contou foi a percepção delas do tempo gasto pelo marido ou namorado com fotos ou vídeos eróticos, e o que elas julgam ser atraente para eles numa mulher.
Os pesquisadores estavam interessados na relação com o uso de pornografia porque muitas mulheres sentem que essa necessidade deles indica que elas não são atraentes o bastante, algo que pode ter um impacto importante na vida de quem sofre com um transtorno alimentar.
A equipe, que já tinha feito estudo parecido com jovens universitárias, concluiu que o efeito da pornografia parece ser mais visível nessas mulheres um pouco mais velhas. Os autores acreditam que as experiências ajudam a moldar a relação delas com a comida. Ter filhos também pode mudar as coisas e trazer mais insegurança para elas.
A participação dos parceiros no tratamento das mulheres com transtorno alimentar é fundamental, mas muitos homens não sabem como ajudar. Esse tipo de estudo pode trazer uma dica importante para eles: dizer para a companheira que ela vai ser amada mesmo com alguns quilos a mais nem sempre é o bastante. Tomar cuidado com certos comentários sobre outras mulheres, bem como conversar sobre o uso da pornografia, pode evitar mal-entendidos. Pode parecer bobagem, mas não é.