Menos cigarros para os jovens

O número de jovens fumantes nos EUA alcançou o nível mais baixo em 22 anos, de acordo com os dados divulgados pelo Centro de Controle de Doenças de Atlanta. No Brasil, um movimento semelhante acontece. Leia

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h15 - Atualizado às 23h57

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O número de jovens que fumam nos EUA alcançou o nível mais baixo em 22 anos, de acordo com dados divulgados na última semana pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta. Em 2013, 15,7% dos adolescentes americanos fumaram em pelo menos um dia, no mês anterior à pesquisa. Em 1991, quando o monitoramento foi iniciado, esse índice era 27,5%, tendo alcançado o pico de 36,5% em 1997.

A pesquisa norte-americana (National Youth Risk Behavior Survey), realizada a cada dois anos, envolveu mais de 13 mil alunos do ensino médio, de 42 estados. Entre os jovens fumantes, 8,5% usaram mais de 10 cigarros por dia e, quase a metade tentou parar de fumar no ano anterior ao estudo.

O número de fumantes frequentes (que fumam em pelo menos 20 dias do mês) foi de quase 6% e, o de fumantes diários foi de 4%. Os dados revelam que as diversas estratégias adotadas pelos EUA para diminuir o número de fumantes no país têm apresentado resultados consistentes, até mesmo entre os mais jovens, em geral, mais resistentes às campanhas de prevenção.

No Brasil, algo semelhante tem ocorrido. O consumo de cigarro caiu pela metade nas duas últimas décadas. O último dado da pesquisa nacional Vigitel, de 2013, mostrou que 12% dos adultos fumam no Brasil. Entre os adolescentes, 13% dos mais velhos (18 a 21 anos) e 3,5% dos mais novos (14 a 17 anos)  fumam, segundo dados de outro levantamento, o Lenad, divulgado no início desse ano.

Os números apontam para a relevância dos esforços que têm sido feitos na prevenção ao fumo. A esmagadora maioria dos adultos fumantes experimentou seus primeiros cigarros antes dos 15 anos. Se menos jovens fumam hoje, menos fumantes adultos vão estar expostos aos efeitos nocivos do tabaco nas próximas décadas.

Outra experiência relativamente inovadora, o “plain packaging” (maços genéricos, com cores pastéis, sem logos ou marcas, com grandes imagens atemorizantes), que foi implementada na Austrália desde o início de 2013, parece estar, de fato, diminuindo ainda mais o número de fumantes. Dados do Escritório de Estatísticas do país revelam que o consumo doméstico de cigarro caiu quase 5% no último ano. A queda pode ser atribuída, também, aos impostos mais altos (que tornaram o cigarro australiano um dos mais caros do mundo), a maior restrição dos espaços para fumantes, além das campanhas informativas frequentes sobre riscos ligados ao cigarro.

Outros países, como a Nova Zelândia e o Reino Unido, estudam medidas semelhantes com relação às embalagens. O Uruguai, desde 2009, adota imagens de advertência que cobrem até 80% do maço. Também foram retirados termos como “light” e “gold”, que poderiam gerar a falsa ilusão de um produto mais atraente e menos nocivo à saúde. As restrições uruguaias geraram uma queda de braço com a indústria do tabaco, que entrou com uma ação nas cortes internacionais contra o país.

Por aqui, medidas que poderiam diminuir ainda mais o consumo de tabaco e derivados entre os mais jovens precisam avançar. Por exemplo, a questão da proibição dos aditivos (que tornam o gosto do cigarro mais agradável) ainda não está totalmente fechada. Além disso, aumento na carga de impostos, maior controle sobre as vendas para os menores, retirada dos maços de locais visíveis nos pontos de venda, campanhas educativas regulares e, disponibilização de recursos na rede pública de saúde para jovens que querem parar de fumar, são algumas das possibilidades.

Dados de outras pesquisas americanas mostram que, embora o consumo de cigarros esteja caindo, o número de jovens que consomem outras formas de tabaco, como narguile e cigarros eletrônicos (e-cigarettes) está crescendo. Seria importante, tanto lá como aqui, informar melhor sobre os riscos que também podem existir nessas outras fontes possíveis de nicotina.

via Estadão

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