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O “começo do fim” da pandemia de Aids e o Brasil

Imagem O “começo do fim” da pandemia de Aids e o Brasil

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h22 - Atualizado às 23h57

Nesta segunda-feira, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o grupo ONE, um dos principais no combate à doença, comemorou o aumento do número de pacientes em tratamento no mundo, de 1,6 milhões, em 2012, para 2,6 milhões, no ano passado. Ao mesmo tempo, o número de novos infectados caiu de 2,2 milhões para 2, 1 milhões.

Por causa dos resultados, a entidade chegou a divulgar, segundo as agências internacionais, que estamos “no começo do fim” da pandemia de Aids. No Brasil, infelizmente, 30 pessoas ainda morrem por dia por causa da doença, e o número de infectados tem aumentado na população jovem, de 15 a 24 anos.

Desde 2006, o aumento superou os 50% em todo o país, enquanto outros países registraram redução nessa faixa etária. Só em São Paulo, houve um crescimento de 23% de notificações de infectados jovens nos últimos cinco anos, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Outros dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram lacunas no Brasil: cerca de 200 mil pessoas ainda não têm acesso ao tratamento. E 150 mil pessoas têm o HIV e não sabem.

Se o primeiro maior obstáculo da luta contra a doença, de acordo com o ONE, é a falta de investimento, o segundo maior é a dificuldade de levar prevenção, diagnóstico e tratamento aos mais vulneráveis – realidade que é clara no Brasil. Por causa do preconceito, homossexuais e profissionais do sexo muitas vezes não buscam os serviços de saúde. E as políticas públicas tampouco parecem levar o atendimento até eles.

Para piorar o cenário, muitos jovens não presenciaram o início da pandemia, e dão menos valor à prevenção por acreditarem que a Aids é uma doença controlável. A cultura do “não é comigo” ainda precisa ser combatida, e falar sobre sexo, tanto em casa como na escola, é o único caminho possível para mudar essa noção.