Duas tendências que os pais de classe média brasileiros têm percebido em suas famílias: Os filhos passam cada vez mais tempo trancados em seus quartos, e demoram muito mais tempo para sair de casa e construir seu próprio lar. Leia mais
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57
Duas tendências que os pais de classe média brasileiros têm percebido em suas famílias: 1) os filhos passam cada vez mais tempo trancados em seus quartos, e 2) demoram muito mais tempo para sair de casa e construir seu próprio lar.
No Brasil, em parte por causa de nossa cultura latina, os jovens tradicionalmente já permanecem na casa dos pais mais tempo que os americanos e os europeus. Mas o fenômeno parece ter se prolongado nas últimas décadas, em função do aumento no preço dos imóveis, do desejo de fazer um pé-de-meia maior antes de dar o próximo passo e, provavelmente, da maior liberdade doméstica que hoje eles experimentam. Segurança, conforto e certa autonomia parecem superar eventuais percalços que a convivência familiar pode trazer.
O quarto se transformou na célula da liberdade em casa. Com conexão Wi-Fi, computador, televisão a cabo, celular e permissão para eventuais namoros, agora há jovens que mal põem o nariz para fora do quarto para dizer “bom dia”. Se bobear, até as refeições são feitas lá.
No Japão, num fenômeno que parece cada vez mais comum, pesquisadores estimam que quase 1 milhão de jovens, principalmente homens, nunca abandonarão a casa de seus pais. Um artigo na revista inglesa The Week e na revista eletrônica Magpie revelou que os hikikomori (algo como fechados, trancados) preocupam as autoridades. São homens jovens que vivem reclusos em seus quartos, de onde não saem há anos. Não têm doença psiquiátrica e parecem adotar a apatia crônica como reação a uma cultura que exige muito do jovem. É bom lembrar que o país tem também um dos maiores índices de suicídio de jovens do mundo, em função da pressão social e da família, para que tenham um desempenho brilhante.
via Época