Este mês de Abril foi escolhido para conscientizar as pessoas sobre a prevenção e o diagnóstico do câncer de esôfago, o oitavo tipo de câncer com maior incidência no mundo. A doença é duas vezes mais frequente nos homens do que em mulheres.
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são estimados 10.990 novos casos de câncer de esôfago por ano, o que corresponde a um risco de 7,7 casos por 100 mil homens e 2,49 a cada 100 mil mulheres. Esse é o 13º tipo de câncer mais frequente, e tem incidência mais elevada na Região Sul.
O esôfago é o órgão que leva os alimentos ingeridos até o estômago. Ele atravessa o pescoço e o tórax, terminando na parte superior do abdômen.
No estágio inicial, o câncer de esôfago é assintomático. Mas, conforme evolui, a doença causa sintomas que podem ser confundidos com refluxo, que é algo frequente na nossa população.
As manifestações mais comuns desse tipo de câncer são:
A médica oncologista Bruna Carone, do Instituto de Oncologia de Sorocaba (SP), conta que não apenas os sintomas podem ser confundidos com refluxo, mas o próprio refluxo é um fator de risco para esse tipo de câncer:
O esôfago não está ‘acostumado’ com a acidez que retorna do estômago”, explica.
Outros fatores de risco importantes para a condição incluem, segundo ela: consumo abusivo de álcool, tabagismo, consumo frequente de bebidas muito quentes, obesidade e exposição a subnstâncias tóxicas ou radiação.
O diagnóstico é feito por meio da endoscopia. O tipo mais frequente de câncer de esôfago é o carcinoma epidermoide, principalmente associado ao tabaco e ao álcool e responsável por 96% dos casos. Mas a médica acrescenta que outro tipo menos comum, o adenocarcinoma, vem aumentando significativamente nas últimas décadas por causa da prevalência da obesidade e do refluxo.
Em casos localizados, a doença pode ser curada. Dependendo do tamanho e do tipo do tumor, o tratamento inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
Para se prevenir do câncer de esôfago, é fundamental evitar o tabagismo e limitar o consumo de bebidas alcoólicas, além de seguir uma dieta balanceada e praticar atividades físicas. Vale lembrar que a perda de peso protege tanto contra o refluxo quanto contra esse e outros tipos de câncer.
Outra dica importante, para evitar o diagnóstico tardio, é que as pessoas não deixem de buscar tratamento para sintomas como acidez, queimação e dor na boca do estômago. “Qualquer refluxo a longo prazo deve ser investigado e tratado”, avisa a médica. Ainda que os antiácidos sejam medicações seguras e fáceis de ser adquiridas, o uso crônico desses produtos indica que há algo de errado, e que o médico precisa ser consultado.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin