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Veja os alimentos mais indicados para quem tem refluxo e o que evitar

No refluxo, a válvula que impede que o conteúdo do estômago retorne deixa de funcionar direito - iStock
No refluxo, a válvula que impede que o conteúdo do estômago retorne deixa de funcionar direito - iStock

Cerca de 30% da população adulta do Brasil sobre com a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), segundo dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), cerca de 30% da população adulta do Brasil.

Sintomas como azia, arrotos e a sensação de que a comida voltou para a garganta são comuns depois de refeições fartas e gordurosas, ou depois de consumir bebida alcoólica em exagero. Nesses casos, é comum que as pessoas se automediquem com antiácidos. Mas quando esses sintomas são recorrentes, é fundamental consultar o médico.

O que acontece?

Quando a gente come, o alimento passa pelo esôfago até chegar no estômago. Na ligação entre esses dois órgãos, há um músculo chamado esfíncter esofágico inferior, que funciona como uma válvula que impede que o conteúdo do estômago retorne. Por algumas razões, porém, esse músculo pode perder sua força de contração.

Essa falha pode acontecer para qualquer pessoa que faça numa refeição pesada, ou tome uma quantidade grande de líquidos ou bebidas gaseificadas. Já quando o retorno do conteúdo do estômago é frequente e traz desconforto crônico, ou danos ao esôfago, é preciso buscar tratamento para a doença do refluxo, como explica o clínico e cirurgião do aparelho digestivo Samuel Okazaki, que faz parte do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Vila Nova Star, entre outros. 

Os principais sintomas do  refluxo são:

- azia e/ou queimação (que começa na boca do estômago e pode chegar à garganta);

- vômitos;

- gosto amargo na boca;

- sensação de que há algo preso na garganta;

- dor torácica (que pode ser confundida com infarto)

- tosse seca;

- rouquidão e doenças pulmonares de repetição (como pneumonias).

Tratamento

Em geral, o reflluxo gastroesofágico inicial é tratado com medicamentos que diminuem a produção de ácido, melhoram a motilidade do esôfago e o esvaziamento do estômago. Mudanças de hábitos também são fundamentais, como perder peso, fracionar a dieta, não fumar, não se deitar logo depois de comer e praticar atividade física.

Para os casos mais graves, quando há hérnia de hiato (quando uma pequena porção do estômago se desloca para o esôfago), e nos casos que não respondem aos medicamentos ou a dependência a eles é muito grande, a opção é a cirurgia robótica e/ou por laparoscopia. O procedimento também pode ser indicado quando o refluxo causa danos ao esôfago, podendo predispor ao aparecimento de um câncer nessa região.

Confira:

Cuidado com uso de antiácidos em excesso

Os antiácidos comuns que são encontrados nas prateleiras das farmácias e são comprados sem prescrição médica podem até ser eficientes no combate ao refluxo, contudo sua eficácia é imediata e momentânea. Assim, para se ter um alívio duradouro, as pessoas usam esses remédios indefinidamente.

O uso prolongado e excessivo dos antiácidos pode causar um ‘efeito rebote’, ou seja, ao perceber que a sua acidez está baixa, o estômago começa a produzir mais ácido para tentar equilibrar essa equação, o que irá piorar os sintomas do refluxo a longo prazo”, diz Okazaki.

Alimentos que pioram o refluxo

Alguns alimentos e bebidas podem piorar os sintomas porque irritam o estômago, aumentando a acidez, são difíceis de ser digeridos ou relaxam momentaneamente a musculatura da transição do esôfago para o estômago. Veja alguns exemplos:

- frituras e comidas gordurosas em geral

- comidas apimentadas e pimentas em geral

- condimentos fortes como páprica, curry e menta

- embutidos como salame, mortadela e linguiças;

- frutas cítricas;

- pães e massas;

- carne vermelha em excesso;

- alimentos enlatados com conservantes, como picles;

- alimentos com corantes;

- alimentos carregados de sódio e/ou açúcar;

- café e chocolate;

- bebidas alcoólicas;

- bebidas gaseificadas.

Alimentos mais indicados

Alguns alimentos de origem vegetal ricos em fibras, vitaminas e minerais são úteis no combate ao refluxo, segundo estudos. São eles:

- frutas como banana, maçã, mamão, abacate, figo, goiaba, pêra, melão e melancia, entre outras;

- leguminosas como feijão, grão de bico, ervilha e lentilha;

- verduras em geral (alface, espinafre, couve, brócolis, aspargos, salsinha)

- oleaginosas (como nozes, castanhas, macadâmia e pistache).

Em relação aos alimentos de origem animal, o ideal é dar preferência a carnes brancas (peixes, frutos do mar e aves) e utilizar leite e derivados desnatados ou com pouca gordura.

Goma de mascar ajuda ou piora?

O médico explica que esse é um assunto controverso quando se fala sobre refluxo: “Ainda não se tem uma posição definitiva a seu respeito”. Alguns estudos mostraram benefícios do uso de chicletes sem açúcar quando usados por pouco tempo logo após a refeição. Isso porque a salivação aumenta com a mastigação do chiclete e neutraliza a acidez no esôfago proveniente de um refluxo.

“Entretanto, o uso exagerado da goma de mascar tende a aumentar a ingestão de ar, provocando um aumento da pressão dentro do estômago e, consequentemente, piorando um quadro de refluxo. Além disto, a mastigação repetida pode também estimular a produção de suco gástrico e aumentar a acidez do estômago”, explica. 

Mais importante é COMO comer

Não é só o tipo de comida que conta. Quem sofre com refluxo deve ter os seguintes cuidados:

- fracionar a dieta, ou seja, fazer refeições de três em três horas;

- não exagerar na quantidade de comida em cada refeição;

- comer devagar e mastigar muito bem;

- não tomar muito líquido junto com a refeição;

- não se deitar logo após comer.

O especialista reforça que as medidas acima são muito importantes e, se não forem respeitadas, mesmo com alimentos adequados, o refluxo pode acontecer.

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Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin