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Síndrome de Gaiola: como as crianças podem ser afetadas na volta à escola

Veja os principais sintomas da Síndrome da Gaiola - iStock
Veja os principais sintomas da Síndrome da Gaiola - iStock

Redação Publicado em 03/03/2022, às 13h00

Enquanto no final de 2021 as coisas estavam voltando ao normal pós-pandemia, é seguro dizer que, agora, em 2022, praticamente todas as escolas já retornaram às atividades presenciais. E, conforme essa nova rotina se estabelece, não se pode ignorar um fato: ficar em casa potencializou (e muito) os transtornos psicológicos nas crianças. Por isso, o retorno à vida “normal” requer muito cuidado e atenção de pais e escolas, pois a “Síndrome de Gaiola” pode dificultar o momento.

Mesmo antes da pandemia, tanto no âmbito familiar como no escolar, as reflexões sobre a saúde mental das crianças já eram cada vez mais comuns. Isso porque os transtornos psicológicos já atingiam de 7% a 20% das crianças brasileiras, dependendo da região, de acordo com um estudo da Faculdade de Medicina de São José dos Rio Preto. Após o surgimento do novo coronavírus e dos isolamentos sociais, uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, relatou que uma em cada quatro crianças e adolescentes apresentam sinais de ansiedade e depressão em nível clínico. 

Confira:

Para a psicóloga clínica Muriell Coelho, existem muitos aspectos que devem ser observados na ressocialização das crianças e adolescentes para minimizar eventuais problemas associados. “Sabemos, por exemplo, que crianças mais novas muitas vezes já possuem uma dificuldade na socialização, sendo assim, o distanciamento social pode, em muitos casos, ter potencializado o fator da ansiedade generalizada, o que torna agora muito mais difícil esse relacionamento com outros colegas, até mesmo gerando um quadro de fobia social de fato”, explica.

A especialista ainda avalia crianças que ainda não tinham tido a oportunidade de socializar anteriormente, por conta da idade, e também por terem ficado muito tempo com os pais por perto. “Precisamos pensar que muitas crianças mais novas, de 1 a 3 anos, passavam a maior parte da sua vida, até o momento, com os pais dentro de casa e também sem terem tido oportunidade de vivenciar o ambiente de creches e escolas. Portanto, será tudo novo para essa faixa etária. Para esses pequenos, a Síndrome de Gaiola poderá acontecer e é preciso ficar atento para conseguir reverter a fobia social”, conclui.  

Mas o que é a Síndrome de Gaiola e quais os sinais? 

A síndrome ganhou esse nome pois faz uma associação entre as aves, que, depois de muito tempo na gaiola, têm dificuldade para sair diante de uma oportunidade. Dessa forma, a Síndrome de Gaiola reflete exatamente o sentimento de ter a oportunidade (e muitas vezes a necessidade) de sair, mas sentir uma pressão interna que te prende e não te faz querer seguir com essa ação. Além de causar uma vontade cada vez maior de se fechar, essa síndrome pode causar transtornos em crianças no período escolar e adolescentes, uma vez que são “forçadas” a saírem do seu ambiente seguro e confortável e socializarem com outras pessoas, algo muito difícil e complexo nesses casos, que podem trazer outros problemas para a vida como um todo, como dificuldade de aprendizagem, transtornos de humor, etc. 

Pais e educadores devem ficar atentos aos sinais e sintomas, como:

  • Dificuldades de conversar com pessoas fora do convívio e da dinâmica familiar;
  • Dificuldade de expressar sentimentos relacionados a um acontecimento vindouro (por exemplo: “como você imagina que será”);
  • Expressão de medo, angústia e choro diante da ação;
  • Ansiedade e nervosismo aparente por expectativas de saídas de casa.

Para a especialista, a Síndrome de Gaiola não está somente associada a crianças, existem muitos casos em adolescentes, jovens e adultos. “A diferença é que os pequenos não sabem ainda se expressar, o que torna mais difícil o diagnóstico desse transtorno. Em pessoas mais velhas é mais fácil identificar e tratar. Portanto, é essencial que os pais e as escolas criem recursos para tentar minimizar as dificuldades que este momento de ressocialização trará”, finaliza. 

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