Redação Publicado em 08/04/2021, às 19h00
Nesta quarta-feira (07), o casal de ginecologistas e obstetras Erica e Domingos Mantelli participaram de uma live com o Dr. Jairo Bouer para debater os impactos da pandemia de Covid-19 na saúde sexual dos brasileiros.
Em um bate-papo descontraído, os especialistas contaram quais as queixas mais frequentes que recebem em seus consultórios e listaram seis dicas que podem ajudar a melhorar a qualidade da vida sexual em tempos de isolamento social. Confira:
Segundo Domingos, o primeiro lugar da lista de orientações é ter um sono de qualidade. Não adianta querer ter saúde se o ciclo biológico não está funcionando corretamente. A produção de melatonina - hormônio do sono, por exemplo, desencadeia a fabricação de uma série de outros hormônios do organismo que trazem inúmeros benefícios e regulam a sensação de bem-estar ao longo do dia.
“Uma coisa acaba interferindo na outra. Se você não dorme bem, terá uma alteração na produção de cortisol - hormônio do estresse - e, muitas vezes, um cansaço e fadiga extremos que vão repercutir em uma baixa do desejo sexual”, comentou.
O sono precisa ser reparador e, para o especialisa, é o primeiro passo para quem busca ter saúde: “É uma coisa simples, barata, prática e não requer treinamento. São de sete a oito horas de sono por noite, pelo menos. Essa questão repercurte não apenas na parte sexual, mas em uma vida toda”.
Quando o percentual de gordura do corpo está muito alto, ocorre uma mudança na produção natural de hormônios - como a testosterona - o que acaba afetando diretamente a vida sexual.
“Fazer algum tipo de atividade física, além de também ajudar a ter um sono mais reparador, também melhora a produção natural de testosterona e, consequentemente, favorece a libido”, explicou Erica.
Muitas vezes, tentamos compensar uma frustração, uma ansiedade ou desconforto em alguma comida mais calórica. O ideal é “descascar mais e desembalar menos” e não tentar suprir decepções e preocupações com certos alimentos.
Essa alimentação mais inflamatória, com muito glúten, excesso de farinha e açúcar, também tem repercussão na nossa flora intestinal. Ou seja, pode provocar flatulência, distenção abdominal, dores e o instestino funcionar de maneira inadequada.
De acordo com Erica, as mulheres tendem a ser constipadas - ter a chamada “prisão de ventre” - e achar que é uma condição normal, mas não é. Da mesma forma que comemos todos os dias, é preciso evacuar todos os dias também.
“Ficar dias sem ir ao banheiro não é natural e isso também interfere na relação sexual. Porque, se a mulher está se sentindo inchada, com desconforto, como é que ela vai relaxar na hora do sexo?”, pontuou.
Dr. Jairo complementou com o lembrete de que, quando se trata de saúde, tudo anda junto: “É algo integral, ou seja, as coisas estão interagindo a todo momento”.
As mulheres precisam começar a se conhecer melhor. A construção da sexualidade está muito relacionada com aspectos religiosos, culturais e familiares. Sendo assim, cada uma deve fazer aquilo que julga confortável e adequado.
Para Erica, todo o corpo humano tem potencial de gerar prazer, não é algo restrito à região genital: “Comece fazendo essa exploração do seu corpo, por partes que se sente confortável. Com isso, você acaba criando uma intimidade e descobre sensações”.
Cada mulher tem suas preferências mas, se ela mesma não as conhece, como que o seu respectivo parceiro ou parceira saberá quais os pontos e práticas que mais lhe dão prazer?
A comunicação é fundamental na vida a dois, principalmente para o sexo. Na hora da relação, conduza seu parceiro ou parceira, falando o que você gosta e o que não te agrada. Quando a pessoa acertar, por exemplo, dê o reforço positivo, caso contrário ele(a) nunca saberá se você gostou ou não.
“Precisa existir comunicação e não tem que ter vergonha. O sexo faz parte da nossa vida, se ele não existisse, não estaríamos aqui e não teria humanidade. Todo mundo precisa do sexo para viver”, afirmou Erica.
Todos nós temos dias melhores e piores, e na pandemia isso está ainda mais nítido. Por isso, se você vive com alguém, com um parceiro ou parceira, é preciso ter muito cuidado na administração da relação a dois nesse momento de isolamento social.
Como diz Dr. Jairo: "Precisamos entender como estamos, nos permitir não estar sempre bem, e que o parceiro, ou parceira, seja capaz de perceber. É necessário ter um olhar mais cuidadoso conosco e com os outros”.
Domingos completou dizendo que ter essa percepção também está relacionada ao autoconhecimento, não apenas o pessoal, mas o familiar. Ou seja, conhecer a microesfera de convivência em que cada um está inserido, como está a saúde (física e emocional) dessas pessoas.
“Não adianta você querer ter uma vida sexual ativa com um filho doente em casa, ninguém tem cabeça para isso. Então, a saúde física e emocional da família é importante como um todo e tambem interfere na hora do sexo”, explicou.
Os especialistas enfatizaram que todos merecem viver a sexualidade, experimentar o prazer e ter bons estímulos. Não é preciso se acostumar com uma vida sexual “mais ou menos”. Por isso, se a mulher sente dor na relação ou enfrenta baixa libido, o ideal é procurar a ajuda de um especialista.
“As mulheres são cíclicas, temos fases, e isso é ótimo. Então, a libido flutua e não é linear. O que não é legal é quando a queda desse desejo torna-se recorrente e persistente. Caso isso aconteça, procure o auxílio de profissionais capacitados para transformar o que está ruim em algo realmente satisfatório e prazeroso ”, comentou Erica.
Assista à live: