Fatores genéticos, mas também ambientais, podem interferir em padrões de consumo
Redação Publicado em 14/05/2022, às 12h00
Como meu histórico familiar pode influenciar a minha relação com o álcool? Será que uma questão impacta na outra? A resposta é “sim”. Mas essa interferência não é tão simples e direta como muita gente imagina.
O primeiro ponto para se analisar é a genética. Todos nós herdamos genes dos nossos pais, que definem algumas de nossas características, como questões de metabolismo.
Uma dessas características, no que se refere ao álcool, é a capacidade de produzir enzimas que metabolizam essa substância no organismo. Algumas pessoas têm um gene que sinaliza uma baixa produção dessas enzimas, o que resulta no acúmulo mais alto de substâncias tóxicas no organismo quando a pessoa bebe, e resulta em tontura, náusea e um rubor facial, ou seja, a pessoa fica com o rosto vermelho ao ingerir álcool.
Quem possui essa característica pode passar a evitar bebidas alcoólicas por causa dessas reações desagradáveis. Já se a pessoa continuar a beber apesar de passar mal, ela pode ter prejuízos maiores.
Nosso histórico familiar também podem determinar aspectos como a propensão ao diabetes, a ter pressão alta, batimentos cardíacos irregulares, doenças do fígado e outras condições. Nesse caso, essas condições podem ser agravadas pelo consumo de bebida alcoólica.
Também existem algumas marcações genéticas envolvidas na saúde mental com possíveis reflexos no consumo de álcool. Quadros de ansiedade e depressão que têm uma história familiar mais presente, por exemplo, podem fazer com que uma pessoa tenha um risco maior de sofrer um transtorno por uso de álcool no futuro, caso comece a beber.
É importante lembrar que a influência familiar também vai muito além de questões genéticas. Muitos padrões de comportamento podem ser aprendidos e, dessa forma, passados de geração a geração. Por exemplo: violência doméstica, relações abusivas, bem como ter um pai ou mãe que abusa do álcool é algo que pode ser reproduzido pelos filhos na idade adulta.
Agora, não é porque a pessoa tem um parente que bebe muito que ela vai, necessariamente, beber mais. Existem vários fatores envolvidos nessa propensão, e não só o padrão de consumo de álcool na família.
Outro ponto importante a se considerar é que a família também pode dar todo o suporte necessário quando uma pessoa desenvolve um transtorno do uso de álcool. Assim como relações familiares complicadas podem impactar negativamente no consumo, relações positivas, de empatia e de troca podem proteger as pessoas de um eventual uso problemático de álcool.
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