Um em cada cinco casais tem problemas para engravidar e vai precisar de ajuda especializada
Redação Publicado em 14/07/2022, às 13h00
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2019, a infertilidade atinge aproximadamente 15% da população, isto é, um em cada cinco casais tem problemas para engravidar e vai precisar de ajuda especializada. No Brasil, cerca de oito milhões de pessoas podem ser inférteis.
Em live com o ginecologista e especialista em reprodução humana Rodrigo Rosa, diretor da Clínica Mater Prime, em São Paulo, o psiquiatra Jairo Bouer aproveitou para tirar algumas dúvidas sobre o tema.
Jairo perguntou ao especialista quais os fatores mais comuns de infertilidade, tanto em homens quanto em mulheres, e se o problema tem aumentado. Rosa respondeu que sim, a infertilidade cresceu muito nos últimos anos, especialmente pelas mudanças da própria sociedade, sendo a principal delas o adiamento da maternidade pelas mulheres. Elas têm deixado para engravidar depois dos 35 anos, quando a fertilidade diminuiu.
Deste modo, a idade da mulher é a principal causa de infertilidade feminina. No caso de doenças, a endometriose é a mais presente, seguida da síndrome dos ovários policísticos, das alterações das tubas uterinas por inflamação e da doença inflamatória pélvica.
No homem, o especialista comentou que o que mais interfere na menor quantidade e qualidade do sêmen são hábitos de vida: obesidade, sedentarismo, tabagismo, abuso de álcool e alimentação inadequada (mesmo em homens magros).
No caso de doenças, a principal é a varicocele, dilatação anormal das veias localizadas dentro do escroto. Outras causas mais comuns são as terapias de reposição hormonal que, na verdade, são feitas com fins estéticos. O uso exógeno de testosterona causa um aumento além do normal dos níveis do hormônio no sangue, parando a produção natural dos espermatozoides, o que é chamado de bloqueio hipofisário. “Felizmente, na maioria das vezes, isso é reversível por meio da restauração do eixo hormonal. Porém, em alguns casos acaba impactando de modo definitivo”, alerta Rosa.
Ele também cita questões genéticas: homens que tiveram problemas com a descida dos testículos (criptorquidia); traumas importantes testiculares na infância; caxumba e infecções. Segundo o especialista, 30% das causas masculinas são desconhecidas: “Não sabemos porque aquele homem sem fator de risco apresenta alteração no sêmen”, reconhece.
Um dado que acaba com o mito de que a mulher era sempre a infértil do casal, Rosa aponta que a prevalência de infertilidade é muito semelhante entre homens e mulheres, o que é chamado de fator misto, quando o problema está em ambos. O que, ele alerta, é cada vez mais comum.
“Desconhecemos porque alguns casais sem problemas acabam não engravidando. Talvez, por fatores ambientais, que não temos como quantificar em exames. Estudos mostram que determinadas populações no mundo têm mais infertilidade que outras. Isto está relacionado ao uso de agrotóxicos; aos conservantes presentes até em xampus; na forma de cozinhar; nos plásticos, que são disruptores endócrinos. Ou seja, são vários fatores”, afirma Rosa.
“A pessoa fala que faz tudo certinho, mas não consegue engravidar. Mas nosso estilo de vida, com todo este efeito tóxico do meio ambiente, vai ocasionando disfunções tanto no sistema reprodutor masculino quanto feminino”, finaliza.
Confira a segunda parte da live:
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