Redação Publicado em 03/03/2021, às 17h00
A pandemia é um desafio para todos, mas, especialmente, para as crianças e os adolescentes. Essa faixa etária da população é a que mais sofreu com aspectos da pandemia relacionados à saúde mental, comportamento e bem-estar.
Uma das questões que ficou muito clara é que para o jovem, a socialização e o estar em grupo é algo extremamente importante. Isso porque, nessa fase da vida, ele está passando pelo processo de individualização, encontrando modelos diferentes daqueles que aprendeu em casa. Portanto, olhar e interagir com um grupo é essencial na formação da sua identidade.
Com a pandemia e a necessidade do isolamento social, foi necessário interromper a frequência dessas crianças e adolescentes nas escolas. A ausência do ensino presencial e o distanciamento dos amigos prejudicou em grande parte o processo de socialização em grupo. Por mais que os jovens permaneçam por muito tempo nas redes sociais, eles não têm o mesmo nível de interação.
Outro ponto importante é que o adolescente está em uma fase de desafios, de buscar autonomia, querer viver novas experiências e ter liberdade para estar em outros espaços que não seja dentro de casa. Essa questão também foi afetada pela necessidade do isolamento social.
Assim, o jovem acabou precisando lidar com um cenário muito monótono no seu dia a dia, ou seja, dentro do quarto ele comia, falava com os amigos, estudava, pesquisava e ouvia música. Tudo no mesmo ambiente, sem quebra e sem mudança de rotina, o que também impactou a sua saúde emocional.
Não é à toa que houve um aumento de quadros compulsivos, de depressão, ansiedade, e estresse nos jovens durante o período da pandemia. O ano de 2021 começou com um cenário e uma perpectiva muito parecida com o que ocorreu em 2020. E os jovens estavam sedentos para sair de casa, ir à escola e reencontrar os amigos.
Eles acabaram percebendo que a escola também é um espaço de socialização, de encontro com os amigos e com um grupo, e não apenas um lugar de aprendizado. Tanto as crianças, como os adolescentes, estão com muita vontade de voltar a frequentar a escola, em um momento em que muitas regiões do país ainda enfrentam uma situação muito delicada em relação à pandemia.
O modelo híbrido adotado por muitas instituições de ensino, o ir e voltar para as aulas presenciais, e todo esse ano de transição, será uma questão muito presente na vida de toda população, mas sobretudo na vida de crianças e adolescentes.
O desafio é exatamente esse, passar por mais um ano com algumas restrições, mas também com algumas flexibilizações, voltando aos poucos a vivenciar sua autonomia, liberdade, e encontrar os amigos. Porém, tudo isso dentro de um cenário ainda com muito cuidado e cautela.