Redação Publicado em 19/02/2021, às 14h00
Será que a cultura da pornografia não atrapalha principalmente os homens que estão começando a vida sexual? Essa performance teatral?
Sem dúvida nenhuma. Vários estudos têm mostrado que o consumo excessivo de pornografia, principalmente pelos homens, produz uma expectativa em relação ao desempenho na cama que é totalmente descolada da realidade. São transas performáticas, que não acabam nunca, e os atores ejaculam uma quantidade capaz de encher um balde, o que faz até homens adultos acharem que ejaculam pouco.
Existe muita edição de imagem, recursos gráficos e, para os garotos que estão se formando sexualmente, há um risco muito grande de se criar uma percepção errada do que esperar da própria performance no sexo. E pode levar anos para a pessoa entender que uma relação sexual de verdade não é como aparece nos filmes, e que não é preciso tanta performance.
"E mais: a esmagadora maioria dos filmes pornográficos é misógina e machista", comenta Jairo Bouer. Assim, muito do que se estabelece na relação homem e mulher na cama não é apenas reflexo do machismo estrutural da sociedade em que a gente vive, mas também reflexo desses vídeos (que, por sua vez, também espelham a sociedade).
Tudo isso só deixa claro o quanto é importante discutir sexualidade com os jovens, e também nas escolas, para que eles relativizem todos esses impulsos que eles recebem de fora. E para que os jovens consigam ter uma relação com a sexualidade mais tranquila e saudável, sem tantas cobranças ou reprodução de padrões problemáticos. Ou seja: não é só explicar o sexo do ponto de vista biológico, mas também explicar todas essas nuances, todas essas questões sociais e culturais que estão envolvidas na nossa sexualidade.
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